DEPUTADO ELEITO DESAFIA CRIMINOSOS DO PARÁ!

Delegado disse que não deixará que criminalidade em Belém seja igual a do Rio de Janeiro (Foto: Eder Mauro / Arquivo Pessoal / Reprodução)
Delegado disse que não deixará que criminalidade
em Belém seja igual a do Rio de Janeiro

Delegado eleito deputado promete combater crime em Belém

Eder Mauro divulgou vídeo desafiando grupos criminosos.
Entidades de direitos humanos questionam lógica do enfrentamento.

O delegado Eder Mauro, deputado federal mais votado nas eleições 2014 no Pará com mais de 260 mil votos, disse que irá se reunir com os policiais da delegacia do Marco, em Belém, para investigar o assassinato de 10 pessoas na noite de terça-feira (4) e madrugada de quarta (5)."Estou indo reunir com o meu pessoal. Passei para eles levantarem a situação para decidirmos o que iremos fazer", disse o delegado.
Questionado pela reportagem se os crimes teriam ligações com milícias ou grupos de extermínio, Mauro afirma que ainda não tem como determinar quem forma os autores dos crimes. "Eu não posso afirmar isso. O que eu posso dizer é que recebi muitos pedidos de socorro de pessoas que estavam se sentindo ameaçadas", revela.
Para responder a estes pedidos de socorro, o delegado gravou na quarta-feira um vídeo em Brasília afirmando que iria combater o crime na cidade (assista aqui). A mensagem foi rapidamente divulgada pelas redes sociais, e tinha um tom de ameaça a quem o delegado julga que pode comprometer a segurança da cidade. "Quero mandar aqui um recado aqui para a bandidagem, esses bandidos covardes aí da grande Belém. Que amanhã de manhã (hoje) eu estou em Belém e vou pra rua. Quero ver se vocês são os 'escrotões' de fazerem o que vocês tão querendo fazer", cita o delegado no vídeo.
Ao G1, Mauro explicou as palavras fortes usadas na gravação. "Eu falo no vídeo que eu não vou deixar que façam em Belém o que fazem em algumas áreas do Rio de Janeiro. Tenha certeza disso", promete.

Entidades questionam enfrentamento
O discurso do enfrentamento, porém, é questionado por entidades de defesa dos direitos humanos. "Existe uma concepção de política de segurança pública que parte pela linha de mais prisões e punições excessivas", aponta a advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, Anna Lins. "Quanto mais poder punitivo excessivo, mais se gera violência. Se a resposta for policiamento ostensivo sem resguardo aos direitos do cidadão, a violência vai voltar pelo mesmo eixo", pontua. "A gente se preocupa que estas operações policiais, em vez de segurança, gerem maior temor", conclui.
De acordo com o antropólogo Romero Ximenes, a lógica de vigiar e punir aponta uma dificuldade em reconhecer os direitos civis. "O Brasil é um país que não aceitou o século XVIII, a revolução francesa e os direitos dos cidadãos. A idéia de cidadania não é aceita, o país é arcaico. As pessoas acreditam que (a punição) deve matar, deve esfolar. É a ideologia do linchamento, onde o julgamento não basta", critica.

Entenda o caso
Nove pessoas foram assassinadas na noite de terça-feira (4) e na madrugada de quarta (5) em seis bairros de Belém, após o cabo da Polícia Militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo ser morto na frente de casa.
Pelas redes sociais, diversas pessoas relataram que supostos policiais haviam convocado grupos para vingar a morte do cabo assassinado, declarando toque de recolher em bairros de Belém. De acordo com a promotoria militar, mesmo com as denúncias a população não deve ceder ao pânico, já que muitos relatos foram exagerados ou trotes. Segundo a polícia civil, falsas denúncias serão investigadas e podem ser punidas.
Na manhã de quarta-feira a cidade ainda conviveu com a incerteza. Aulas foram suspensas na UFPA, apesar da informação oficial de que o expediente seria normal. Enquanto isto, os corpos de 8 das nove vítimas foram liberados pelo Instituto Médico Legal após reconhecimento de familiares. Uma das vítimas foi Eduardo Galucio Chaves, de apenas 16 anos. Eles foram enterrados na manhã desta quinta-feira (6), em cemitéros da Grande Belém.
Os casos estão sendo investigados pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil para verificar a relação entre eles. Pelo menos seis mortes teriam características de execução.
Fonte G1

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