Alvo de ataques, deputado federal
desafia clã do PMDB a provar que ele comprou imóvel
Recém-eleito para representar pela quarta vez
consecutiva o Pará na Câmara dos Deputados, Wladimir Costa (SDD) se tornou
também o principal alvo de ataque do grupo de comunicação da família de Jader
Barbalho. Desde que se encerrou o segundo turno do último pleito eleitoral, o
deputado passou a ter espaço garantido nos noticiários dos Barbalhos, com
acusações que vasculham desde as suas atribuições como parlamentar até a
suposta aquisição de um imóvel no Rio de Janeiro. Os ataques não pouparam a
exposição de familiares, como a mãe e o filho do deputado. Como forma de
rebater o que tem chamado de “mentiras e factoides da família Barbalho”,
Wladimir iniciou uma campanha nas redes sociais, que já movimentou quase um
milhão de visualizações, e concedeu, com exclusividade, uma entrevista ao
repórter Thiago Vilarins, na sucursal de O LIBERAL em Brasília. Além de se
defender das denúncias, ele afirma que vai à Justiça contra os Barbalhos e os
seus veículos de comunicação, e desafia nominalmente os seus acusadores a
provarem, documentalmente, o seu envolvimento em qualquer ilícito. “Se eles
provarem documentalmente que eu comprei este apartamento, esta cobertura lá no
Rio de Janeiro, no nome da minha mãe e no nome do meu filho, eu renuncio ao meu
mandato em menos de 24 horas. Porém, se não provarem que eu comprei esse
apartamento no nome da minha mãe, no nome do meu filho ou no nome dos dois,
renuncia o Jader Barbalho ao Senado e renuncia a Elcione Barbalho à Câmara dos
Deputados. O desafio está no ar”, desafia o deputado. “Quero aproveitar esta
entrevista e oferecer às instituições federais ou estaduais, voluntariamente a
queda do meu sigilo bancário, do meu filho, da minha mãe, das minhas irmãs e
irmão e todo e qualquer um dos meus assessores”, destacou. “Eu não aceito ser
investigado por um grupo de comunicação desmoralizado perante a opinião pública
(Grupo RBA). Quem não deve, não teme”.
Confira, a seguir, a íntegra da entrevista:
T: Ao que o senhor atribui os ataques a sua pessoa
e a seus familiares, há mais de 20 dias, por parte do grupo RBA, comandado pela
família Barbalho?
W: Este ódio não é de agora, após a eleição do
segundo turno, que culminou com a vitória do governador Simão Jatene. Este
ódio, este rancor para com a minha pessoa, já vem desde o início do meu
primeiro mandato, quando eu pertencia ao partido onde eles se sentem
proprietários, que é o PMDB. Quando eles imaginavam que eu me deixaria
manipular, engessar pelas suas opiniões. Mas passei a tomar as minhas próprias
decisões, porque não fui eleito pelo partido PMDB e sim pelos cidadãos paraenses
e a eles devia o meu respeito. De todas as formas eles (Barbalhos) tentavam
manipular as minhas opiniões, tentavam burlar as minhas prerrogativas
parlamentares, ignorando a minha sabedoria. Foi a partir daí que começou um
processo de hostilização dentro do partido. Só que tive de aguentar todos esses
anos dentro do PMDB, por conta de que eu não podia sair. Para eu sair sem
correr o risco de perder o mandato, precisaria nascer um novo partido. E, em
2012, tivemos a oportunidade de (fazer) nascer o Partido Solidariedade (SDD),
do qual eu sou presidente regional e vice-presidente nacional. Um partido que
está de acordo com a minha doutrina partidária e foi o momento da minha
libertação política, saindo das hastes peemedebistas. E dentro do partido (PMDB),
não só eu, Wladimir, sofria inúmeras hostilizações, mas também parlamentares,
prefeitos, vereadores também sofriam e ainda sofrem. Então, essa questão não
veio só agora. Isso só fez agora ganhar mais musculatura, por conta da
visibilidade que nós ganhamos no segundo turno das eleições, onde eu e mais de
dois milhões de pessoas nos jogamos nas ruas do Pará, a fim de evitar a vitória
da família Barbalho dentro do Estado do Pará. E nós saímos vitoriosos, graças a
Deus e agora nós estamos pagando o preço da lealdade para com a base do
governador Simão Jatene.
T: O candidato Helder Barbalho chegou a pedir o seu
apoio político quando o senhor fundou o Solidariedade no Pará?
W: Sim, o Helder, no primeiro turno das eleições,
esteve por quatro vezes na minha casa. Ainda durante o processo de convenção do
partido do PMDB, querendo que eu fosse apoiá-lo, juntamente com o nosso
partido. Ele foi a primeira vez, eu disse não. Ele foi uma segunda vez, eu
disse não, novamente. E ele ainda insistiu mais outras duas vezes, e voltei
negar, porque eu já tinha um compromisso de palavra, porque o código de honra
de uma pessoa não é o seu cartão de crédito, não é o seu dinheiro ou o seu
patrimônio material, mas o código de honra de um homem e de uma mulher
chama-se: palavra. Eu já havia dado a minha palavra ao governador. Mas eu o
recebi na minha casa por educação, pois já havia pertencido ao partido dele e
não tinha porquê não recebê-lo. Eu tive a hombridade de, nas quatro vezes,
dizer não, porque eu já o tinha avisado que iria apoiar o governador Simão
Jatene.
T: Qual eram as propostas do candidato Helder
Barbalho para lhe convencer a mudar de opinião?
W: Eram propostas tentadoras. Nós somos feitos de
carne e osso, mas em momento algum nós estremecemos com as propostas que eles
nos fizeram. Digo, com as propostas políticas que ele, particularmente, me fez.
É bom deixar isso bem claro. Mas, em nenhum momento, provocou uma vontade ou
algo parecido, por essas propostas, pertencer às hastes da coligação que iria
apoiá-lo na corrida eleitoral do processo de 2014.
T: Depois dessas quatro tentativas ele desistiu ou
voltou a tentar o seu apoio no segundo turno?
W: No segundo turno ele já veio com um discurso
formado, com a convicção plena de que já estava eleito governador. Ele esteve
duas vezes na minha casa. Novamente pediu para que eu fosse na casa dele e eu
disse não. Mais uma vez, por educação, eu o recebi em minha casa. Não tinha
porque não recebê-lo. Uma coisa é você se relacionar com um concorrente
político e outra coisa é com o seu inimigo. Eu não me considerava inimigo dos
Barbalhos, mas concorrente. No segundo turno, ele nos procurou com a convicção
plena de que já era o governador do Estado do Pará, já trouxe o discurso de que
já havia conquistado o apoio de elementos que haviam participado do palanque do
Simão Jatene no segundo turno. Veio também com o discurso de que estava
disposto a fazer o tal do governo participativo, ou seja, o Solidariedade teria
uma grande fatia do seu governo, caso ele fosse eleito. As outras propostas eu
considero impublicáveis!
T: Foram por essas propostas que outros candidatos
mudaram de lado?
W: Com certeza. Mas tenha certeza e convicção de
uma coisa: os outros se renderam a propostas ínfimas e ridículas. Se lhes fosse
oferecido, pelo menos, 5% do que me foi oferecido, vocês podem ter certeza de
que eles iriam fazer muito mais coisas contra o Jatene. A prostituta mais
barata desse País tem mil vezes muito mais valor do que esses elementos que se
renderam às propostas políticas do candidato.
T: O senhor vem usando as redes sociais para
responder aos ataques veiculados por todo o Grupo RBA, principalmente pelo
jornal Diário do Pará. Um desses vídeos do qual o senhor desafia a família
Barbalho já tem quase um milhão de visualizações. Explique melhor esse desafio.
W: O ônus da prova cabe a quem acusa. Qualquer
cidadão um pouco letrado, qualquer estudante de Direito no primeiro semestre,
sabe disso. Eles só acusam, aliás, a mentira, a picuinha, os factoides, o que
eles já implementaram contra diversos empresários, contra a filha e o filho do
governador… Tudo isso desmorona, porque a verdade chega logo em seguida. Então,
já que o ônus da prova cabe a quem acusa, resolvi lançar na mídia social,
porque eu não tenho uma televisão de suporte de um grupo milionário. Eu não
tenho, em hipótese alguma, uma rádio 99, rádio Clube do Pará, televisão em
Marabá, televisão em Santarém, dezenas ou quiçá centenas de repetidores de
televisão espalhadas por todo o Estado do Pará. Mas eu recorro aos corações das
pessoas, dos internautas. Eu posso lhe garantir que a resposta dos internautas
equivale, sem medo de errar, a no mínimo 50 vezes mais audiência de todo o
grupo de comunicação deles juntos, porque as pessoas não querem mais assistir a
televisão deles, não leem mais o jornal deles. E sabe por que? Porque as
pessoas não assistem e nem leem aquilo que não acreditam. Dou graças a Deus de
ter hoje a mídia social! Eles batem e eu respondo na mídia social! Então, a
resposta vem em menos de 24 horas, mais de 500 mil visualizações, mais de 8 mil
comentários, mais de 4 mil compartilhamentos. Enquanto a minha resposta na
mídia social passa de 500 mil, o que eles publicaram contra mim e contra a
minha mãe na mídia social deles teve só 9 comentários, por causa do descrédito
que eles vêm, ao longo dos anos, conquistando perante a sociedade paraense.
Hoje, qualquer mídia social tem muito mais audiência. Estou muito mais bem
servido, porque a mídia social é uma fonte hoje de comunicação muito mais
importante para os cidadãos e para a livre liberdade de expressão. Ninguém lê
esse jornal deles, 90% é doado em todo o Estado do Pará, porque ninguém compra.
Já foram provadas diversas vezes que eles publicam mentiras e factoides contra
as pessoas. Eles estão acostumados a implementar o medo e o pânico contra as
pessoas, só que eu não tenho medo deles, eu só tenho a Deus. Eles podem vir
quantas vezes quiserem para um embate, porque eu tenho a coragem de mostrar a
cara e de ir para a mídia social. Eu não uso colegas comunicadores, jornalistas
e blogueiros. Eu mostro a cara. E porque que os Barbalhos não mostram a cara?
Por que o Helder, o Jader, que se sente o todo poderoso, o dono do grupo RBA,
por que não mostram a cara? Eles se escondem por trás de mais de 200 mães e
pais de famílias que são obrigados, por conta do sustento profissional a falar
de mim. Muitos, inclusive, já ganharam o olho da rua por se recusarem a falar
de mim.
T: E qual foi o desafio?
W: Eu desafiei os Barbalhos, porque eles publicaram
no jornal duas páginas, inclusive, expondo a foto da minha mãe, uma mulher
negra de 70 anos de idade. A minha mãe está concluindo o segundo grau,
estudando em colégio público, no município de Ananindeua. Ela era uma
semianalfabeta até oito anos atrás e veio estudar com sessenta e poucos anos de
idade. Uma história de luta e batalha! Ela sempre nos ensinou que a
honestidade, a dignidade e o respeito aos seus semelhantes são os melhores
cartões de crédito. Eles (Barbalhos) não têm berço familiar, não têm amor entre
eles. Então, resolvi desafiá-los: se eles provarem documentalmente que eu
comprei este apartamento, esta cobertura lá no Rio de Janeiro, que uma hora
eles dizem que custa 6 milhões de reais, outra custa 2,3 milhões, no nome da
minha mãe e no nome do meu filho, eu renuncio ao meu mandato em menos de 24
horas. Porém, se não provarem que eu comprei esse apartamento no nome da minha
mãe, no nome do meu filho ou no nome dos dois, renuncia o Jader ao Senado e
renuncia a Elcione à Câmara dos Deputados. E o desafio está no ar! Eu não tive
a manifestação de nenhum Barbalho dizendo que tope esse desafio. Por que eles
não topam? Eu estou esperando até o fim desse domingo essa resposta. Quero ver
eles provarem, porque se foi comprado esse imóvel, deve haver o registro de
imóvel.
T: E o documento que eles mostraram na reportagem?
W: Eles mostraram um papel apócrifo no jornal que
eu não sei o que é. Eu não comprei cobertura no nome da minha mãe, nem no nome
do meu filho e nem no meu nome. Não existe cobertura em nenhum desses nomes.
Para mim será um privilégio um dia poder comprar uma cobertura para minha preta
(mãe). Porque ela não merece só uma cobertura, ela merece um prédio inteiro!
T: Além dessa denúncia, o grupo RBA o acusa de
desviar R$ 230 mil de uma suposta ONG de sua propriedade. Como o senhor se
defende dessa acusação?
W: Desconheço a acusação. Nunca fui citado pelo
Ministério Público Federal, que é uma instituição pela qual tenho muito
respeito. Nunca fui citado pelo Supremo Tribunal Federal. Não sei de onde vem e
nem do que se trata. Sobre este assunto, ainda não tenho nada a declarar. Não
provaram, apenas acusaram, mas desconheço.
T: Uma das últimas acusações dão conta de que o
senhor usou verba da cota parlamentar, ou seja, dinheiro público, para pagar
passagens aéreas de ex-assessores seus, para o Rio de Janeiro, justamente no
período de recesso parlamentar. Qual a explicação para a liberação dessas
passagens?
W: Se existe realmente liberação de passagens para
assessores, de forma criminosa, sem o devido respaldo da Câmara dos Deputados,
eles que me denunciem à Câmara dos Deputados, porque isso dá cassação.
Simplesmente. Por que eles não denunciam à Câmara dos Deputados que cometi uma
falcatrua ou um ato criminoso? Essas coisas de loteamento da Secretaria de
Esportes, de passagem aérea, são coisas de jornalistas, de grupo de comunicação
sem crédito, que fica inventando factoides. Se eles acusam que eu cometi um
crime, na Instituição Federal que eu represento, que é a Câmara dos Deputados,
por que eles não me denunciam na Câmara dos Deputados para que os meus pares me
cassem? Não farão isso porque não cometi crime algum, conheço muito bem minhas
prerrogativas parlamentares.
T: Mas existe alguma explicação para o uso dessas
passagens, como diz a acusação, no período de férias?
W: Eles são extremamente ridículos em usar o termo
“férias”. Deputado federal e senador não tem férias. Eles são ridículos! E eu
fico passado de tão burros, hipócritas e da deficiência mental horrenda que
eles têm! Eles têm uma família inteira de políticos, em que a mãe é deputada
federal e o pai, senador, e, mesmo assim, eles desconhecem que não temos
férias. Temos recesso parlamentar. No recesso parlamentar, o Senado Federal
para, a Câmara dos Deputados para. Nós, deputados e juntamente com nossos
colaboradores do gabinete, devidamente lotado, não paramos. Aliás, é a
oportunidade que temos para viajar, para percorrer o Estado e até o País, se
houver necessidade. E, para deixar claro, que o vereador fiscaliza o
legislativo municipal, o deputado estadual, fiscaliza o Estado. No Pará, os 144
municípios dos colegas deputados estaduais podem viajar sim! Devidamente
amparados, inclusive, eles recebem diárias. Nós não recebemos diárias para
viajar na Câmara dos Deputados. Então, durante o recesso, se houver
necessidade, vamos continuar viajando. Se eu tiver necessidade de mandar um
colega ir à Bahia ou ao Rio de Janeiro para investigar algo relativo ao
Petrolão, ou fotografar algum projeto, irei usar o mandato sim. Não tenho medo
disto! Durante o recesso parlamentar, aí é que o vereador trabalha, aí é que o
deputado estadual, o deputado federal trabalha. Férias não existem! Existe
recesso das instituições, mas nós trabalhamos muito mais! Vou continuar usando
e não serão eles que irão me intimidar. Eu vou exercer o meu mandato, que eu
tenho a procuração do meu povo do Estado do Pará. E não são eles (Barbalhos)
que irão me dizer o que fazer, quem tem que me questionar é o povo, somente.
Fonte: Jornal ‘O Liberal’
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