Presidente mundial da companhia
anglo-holandesa, Ben Van Beurden, também defendeu nesta segunda-feira 15 a
abertura do pré-sal a empresas internacionais, um dia depois de editorial do
Globo nessa mesma linha; governo admite mudar a regulação do setor, mas "sem
abrir a porteira"; durante evento no Rio de Janeiro, o executivo da Shell
afirmou: "Esse é um assunto que diz respeito ao governo e aos
congressistas, mas se me perguntar (se a abertura a outras empresas) faz
sentido, eu diria que faz sentido. Ajudaria a dividir os riscos e a trazer mais
investimentos"; o executivo disse acreditar na competitividade do
pré-sal, mesmo no cenário atual, com o preço do petróleo registrando baixas
históricas
15 DE
FEVEREIRO DE 2016 ÀS 11:40
247 - O presidente mundial da Shell, Ben Van Beurden,
defendeu nesta segunda-feira 15 uma maior flexibilização das regras de
exploração do pré-sal, que hoje são de exclusividade da Petrobras.
"Esse é um assunto que diz
respeito ao governo e aos congressistas, mas se me perguntar (se a abertura a
outras empresas) faz sentido, eu diria que faz sentido. Ajudaria a dividir os
riscos e a trazer mais investimentos", disse Beurden durante um evento no
Rio para dar início ao processo de fusão entre a Shell e a BG, em um negócio
avaliado em US$ 70 bilhões.
Segundo ele, "o Brasil será um
país-chave" na estratégia da empresa após a fusão. "Está seguramente
no top 3 de nosso portfólio e, se considerarmos apenas a produção em águas
profundas, é o maior", destacou.
A Shell mantém uma parceria com a
Petrobras no campo de Libra enquanto a BG possui participação em outras três
concessões do pré-sal, incluindo o campo de Lula, o maior do país. Juntas, as
duas empresas produzem cerca de 240 mil barris /dia de petróleo.
O executivo disse acreditar na
competitividade do pré-sal, mesmo no cenário atual, com o preço do petróleo
indo a baixas históricas. "O break even (preço de equilíbrio dos projetos)
é muito favorável, mesmo nessa faixa de preços. E, se os preços caem, os custos
também caem", disse.
Para mais informações, leia a
reportagem da Reuters:
Shell e BG juntas
devem quadruplicar produção no Brasil até 2020
Por Marta Nogueira e Jeb Blount
Por Marta Nogueira e Jeb Blount
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A empresa
resultante da fusão das gigantes petroleiras Shell e BG deverá quadruplicar a
produção de óleo e gás no Brasil em quatro anos, transformando o país no
principal mercado de exploração e produção da companhia, afirmou nesta
segunda-feira o presidente global da multinacional, Ben van Beurden.
Atualmente, as duas empresas produzem
juntas cerca de 240 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) no país, ou
pouco mais de 7 por cento do total produzido no Brasil, segundo os últimos
dados publicados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP).
A BG produziu 205.572 boed em
dezembro no Brasil, segundo a ANP, enquanto a Shell extraiu 34.471 boed.
"O Brasil será um dos três
principais países para a Shell e, em uma perspectiva de upstream (exploração e
produção), provavelmente será o país mais valioso em nosso portfólio",
disse Beurden, em conferência de imprensa para falar sobre a incorporação da
BG, que passa a vigorar a partir desta segunda-feira.
"As duas companhias juntas
deverão quadruplicar (a produção) até o fim desta década", disse o
executivo, em visita ao Rio de Janeiro, onde vai se encontrar com executivos de
ambas as empresas.
Devido às parcerias anteriores da BG
com a Petrobras , que incluem o principal produtor de óleo e gás do Brasil
--campo de Lula, na Bacia de Santos--, a Shell passa a ser a principal sócia da
estatal no pré-sal, região que tem apresentado crescimento contínuo de
produtividade.
Além disso, outro projeto de grande
importância irá contribuir com a ampliação da produção da Shell no Brasil, que
é a área de Libra, no pré-sal, na qual a empresa já era sócia da Petrobras e de
outras companhias, com uma fatia de 20 por cento. Libra, considerada pelo
governo a maior reserva do Brasil, tem o primeiro fluxo de óleo em teste
esperado para 2017.
O pré-sal está no foco principal da
Petrobras, que vive um dos momentos de crise financeira mais difíceis de sua
história, lutando para equacionar uma dívida bilionária.
O executivo destacou que as áreas do
pré-sal no Brasil deverão ter equilíbrio financeiro mesmo com os preços do
petróleo previstos para o ano. Para ele, os valores da commodity podem se
estabilizar no fim deste ano, possivelmente motivando alta das cotações.
Beurden destacou ainda que a região
petrolífera precisa ser avaliada pensando em um cenário de longo prazo,
frisando que Libra, por exemplo, é um projeto de três ou quatro décadas. A área
pode conter até 12 bilhões de barris recuperáveis, segundo estimativas do
governo brasileiro.
Além de elevar a posição estratégica
do pré-sal em seu portfólio, a compra da BG permitiu que a Shell se tornasse a
maior comerciante mundial de gás natural liquefeito (GNL).
Um dos seus clientes nesse setor é a
Petrobras. Entretanto, o executivo evitou responder se a empresa teria
interesse nos ativos da petroleira estatal à venda nesse segmento.
Por outro lado, o executivo negou que
tenha interesse atualmente no setor de refino brasileiro, para o qual a
Petrobras também está em busca de investidores.
A Shell já tem uma presença forte em
distribuição e venda de combustíveis no Brasil por meio da Raízen, em sociedade
meio a meio com a Cosan. A Raízen é ainda a maior produtora de açúcar e etanol
do país.
OPERAÇÃO DO PRÉ-SAL
O executivo também ressaltou que
decisões sobre uma possível a mudança de regras que obrigam a Petrobras a ser operadora
única do pré-sal cabem ao governo brasileiro, mas que faria mais sentido que a
regulamentação fosse mais flexível.
"Se você me perguntar o que eu
acho que faz sentido, eu acho que faz mais sentido flexibilizar isso",
afirmou, explicando que a vinda de parceiros para o pré-sal, inclusive como
operadores, poderia trazer mais investimentos e competitividade.
Beurden afirmou que se reuniu com a
presidente Dilma Rousseff após o anúncio do acordo com a BG, no ano passado,
devido ao grau de importância do Brasil no negócio.
Na reunião, o executivo explicou à
presidente suas perspectivas para o país, e afirmou que acredita nos
fundamentos do país, em sua geologia e no potencial do mercado. Ele também
afirmou que a Petrobras é uma parceira muito competente, embora passe
atualmente por um momento difícil.
Beurden adicionou ainda que, como investidora, a
empresa busca um ambiente de estabilidade regulatória e fiscal. Não há uma
reunião marcada nesta segunda-feira com a presidente Dilma, segundo ele.
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