O dia seguinte

Como irá terminar a crise política? Essa é a pergunta que todos se fazem neste momento e para a qual ninguém tem a resposta. No entanto, a questão mais importante é outra: qual será o modelo de governabilidade no Brasil a partir de agora? 
Disso derivam outras indagações. Como serão construídas as relações entre Executivo e Legislativo? Como serão formadas maiorias parlamentares? Como serão aprovadas reformas estruturais ou simples medidas de gestão, hoje tão importantes para destravar a economia?
O que está sendo implodido no Brasil, na verdade, é todo o modelo político construído após a redemocratização, em que as maiorias são formadas por meio da cooptação de aliados, quase sempre com a repartição do Estado. O grande problema – ou talvez solução – é que esse modelo se tornou incompatível com uma sociedade aberta, em que órgãos de controle e repressão atuam com total liberdade – e, em alguns casos, até com libertinagem.
Hoje, há quatro cartas disponíveis na mesa, que são a permanência da presidente Dilma Rousseff, sua renúncia, o impeachment ou semiparlamentarismo, que já se debate abertamente no Senado. No entanto, ninguém discute como o atual ou o futuro governo poderão costurar condições mínimas de governabilidade. 

Sem a construção desse novo modelo, nenhum governo estará imune a novas crises políticas, ainda mais acentuadas. A grande ilusão que alguns alimentam é imaginar que, por meio de um pacto das elites, será possível retomar as velhas práticas do passado, com novos atores.

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