revogar o mandado de prisão contra o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega. Isso porque o ex-ministro foi preso
quando acompanhava a mulher numa cirurgia no Hospital Albert Einstein, na
capital paulista – fato do qual não sabiam o juiz ou a Polícia Federal.
O juiz Sergio Moro decidiu há pouco
O juiz Sergio Moro decidiu há pouco
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Escreveu o juiz em seu
despacho: “Com base nesses fatos e para preservar as buscas e apreensões,
acolhi pedido do MPF para decretação da prisão temporária dele e de outros
investigados. Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado
que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-ministro
acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia”.
E prossegue: “Tal fato era
desconhecido da autoridade policial, MPF e deste Juízo. Não obstante,
considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se
iniciaram e que o ex-ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado,
deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência
da colheita das provas nesse momento. Procedo de ofício, pela urgência, mas
ciente de essa provavelmente seria também a posição do MPF e da autoridade
policial”. Moro ressalta que a decisão se dá sem prejuízo das demais
medidas e a avaliação de medidas futuras.
Os agentes federais
pretendiam prender o ex-comandante da Fazenda na casa dele, em Pinheiros, Zona
Oeste de São Paulo, mas no local só estava o filho de Mantega, que é menor de
idade. Por isso, seguiram para o hospital. Chegando lá, entraram em contato com
o ex-ministro por telefone e ele se apresentou espontaneamente na portaria do
edifício. Em seguida, Mantega e os policiais foram até o apartamento, onde foi
cumprido o mandado de busca e apreensão. A PF informou que, tanto na casa
de Mantega, quanto no hospital, o procedimento foi “discreto, sem qualquer
ocorrência e com integral colaboração do investigado”.
A Arquivo-X, como foi
batizada essa nova ação, apura irregularidades em dois contratos assinados
entre a Petrobras e o consórcio Integra Offshore, formado pela OSX e Mendes
Júnior, para a construção das plataformas P-67 e P-70 para a exploração das
reservas do pré-sal. Segundo a investigação, em meados de 2012, Mantega
negociou com as empresas contratadas pela estatal para repassar recursos para
pagamentos de dívidas de campanha. Entre as suspeitas de crimes, estão a
prática de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de
dinheiro.
O ex-comandante da Fazenda
foi citado em depoimento prestado pelo empresário Eike
Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, ao
Ministério Público Federal (MPF). Segundo Eike, ele recebeu, em novembro de
2012, um pedido de Mantega, que era presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, para que fizesse um pagamento de 5 milhões de reais
para o PT.
Conforme revelou VEJA,
Mantega também foi citado na proposta de delação premiada do marqueteiro João
Santana e de sua esposa Mônica Moura. De acordo com o casal, o ex-comandante da
Fazenda foi designado pela ex-presidente Dilma Rousseff para cuidar da
arrecadação do caixa dois da campanha de 2014 junto aos empresários. O
nome da operação é uma referência à empresa OSX, de Eike, que costumava batizar
as suas companhias sempre com a letra “X”, um sinal de multiplicação de
riquezas, segundo ele.
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