A Polícia Civil e o
Ministério Público de São Paulo realizam nesta terça-feira (22) uma operação
para prender 41 pessoas que seriam ligadas a uma facção criminosa que atua
dentro e fora dos presídios paulistas. A operação, batizada de Ethos, acontece
simultaneamente em cerca de 20 municípios. Até as 10h, pelo menos 33 suspeitos
já haviam sido presos – a maioria advogados.
Entre os detidos está o
vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), Luiz Carlos
dos Santos, que foi detido em sua casa em Cotia, na Grande São Paulo. Ele é
suspeito de receber R$ 4,5 mil por mês da organização criminosa.
Ele e os outros advogados
são suspeitos de movimentar dinheiro do crime organizado em suas contas
bancárias e ainda de ajudar a criar uma espécie de banco de dados com os nomes
e endereços de agentes penitenciários e de seus parentes. Essas pessoas
poderiam ser mortas quando a facção julgasse necessário.
Os policiais foram também
no início da manhã à sede do Condepe, no Centro de São Paulo, para apreender
objetos e o computador usado por Luiz Carlos dos Santos. O G1 procurou
o Condepe para comentar a detenção de seu vice-presidente, mas a presidente do
órgão, Maria Nazareth Cupertino, disse que só vai se posicionar no fim da tarde
desta terça, “quando entender de fato o que está acontecendo”.
Presos advogados suspeitos
de movimentar dinheiro do crime organizado
Presos foram encaminhados
à Delegacia de Investigações Gerais, em Presidente Prudente (Foto: Valmir
Custódio/G1)
Suspeitas do MP
A investigação começou em
Presidente Prudente, onde estão dois presídios de segurança máxima. Em maio de
2015, uma carta foi interceptada por um agente penitenciário, durante
procedimento de varredura de rotina. A partir dela, a Polícia Civil descobriu
uma célula denominada “sintonia dos gravatas” – modo como é tratado o
departamento jurídico da facção criminosa. Ela foi criada inicialmente para
prestação de serviços exclusivamente jurídicos aos líderes da facção, mas
acabou evoluindo, e seus integrantes passaram a ter outras funções na
organização.
Atualmente essa célula
simulava visitas jurídicas aos líderes presos, fazendo elo de comunicação de
atividades criminosas entre os presos e aqueles que estão em liberdade, em
“verdadeiras relações de promiscuidade”, segundo a Polícia Civil.
Ainda de acordo com a
polícia, dois advogados, integrantes da célula, prometeram à liderança da
organização que conseguiriam se tornar conselheiros do Condepe. Como não
conseguiram, realizaram a aproximação a Luiz Carlos dos Santos e ofereceram
dinheiro em troca de “serviços escusos” do Condepe.
Luiz Carlos dos Santos,
preso nesta terça (Foto: Reprodução/TV Globo)
Prisões no Oeste Paulista
Até as 8h desta terça, seis
advogados foram presos na região de Presidente Prudente. No Oeste
Paulista, a ação ocorre, além de Prudente, em Presidente Venceslau, Pirapozinho
e Estrela do Norte. Na casa dos detidos, os agentes apreenderam documentos.
Segundo a polícia, o
durante as investigações que advogados, por meio de pagamento de propina a
pessoas envolvidas em órgãos do Estado, visavam concretizar o objetivo da
facção criminosa, que seria o financiamento e controle de agentes públicos e
colaboradores, característica primordial da definição de crime organizado.
Cinco
advogados de Birigui e Mirandópolis também foram presos.
A ação realizada no Estado
envolve o trabalho de 159 delegados, 459 policiais civis, 65 promotores e 167
viaturas.
Policiais vistoriam a casa
de um dos suspeitos na região de Presidente Prudente (Foto: Valmir Custódio/G1)
Ação em outras cidades
Ao menos quatro
pessoas foram presas em Campinas e região – dois são bacharéis
em direito e dois são advogados. Eles também são alvo de mandados de busca e
apreensão.
De acordo com as primeiras
informações do MP à EPTV, afiliada da TV Globo, os advogados são suspeitos de
dar apoio a uma facção criminosa que atua no estado de São Paulo.
Fonte: G1
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