Não foram encontrados sobreviventes; aeronave
transportava grupo de coral para a Síria
Um avião militar russo com
92 pessoas a bordo caiu no Mar Negro, minutos após decolar do balneário de
Sochi, no sudoeste da Rússia. Alguns destroços da aeronave e corpos de vítimas
já foram encontrados. De acordo com o general Igor Konashenkov, porta-voz, do
Ministério da Defesa, não foram encontrados sobreviventes.
— A área do acidente foi
estabelecida. Nenhum sobrevivente foi localizado — disse Konashenkov.
A aeronave decolou às
5h20m no horário local, 0h20m no horário de Brasília, com destino à base aérea
russa de Khmeimim, na Síria. Ela procedia de Moscou e fez uma parada de
reabastecimento em Sochi. Cerca de 2 minutos depois, o avião sumiu dos radares
ao fazer uma manobra sobre águas russas.
O porta-voz do Kremlin,
Dmitry Peskov, afirmou que ainda é cedo para determinar as causas do acidente.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou condolências aos que perderam
familiares e ordenou que o primeiro ministro, Dmitry Medvedev, monte e lidere
uma comissão para investigar a queda. Em pronuciamento na TV, Putin declarou
luto nacional nesta segunda-feira.
O modelo do avião que caiu
é um Tu-154, construído em 1983. Segundo Konashenkov, o último voo da aeronave
havia sido em setembro, e ela passou por reparos em dezembro de 2014 e tinha 7
mil horas de voo. O piloto era experiente.
“Fragmentos do Tu-154 do
Ministério da Defesa russo foram encontrados a 1,5 km da costa do mar Negro a
uma profundidade de 50 a 70 metros”, informou o Ministério da Defesa, segundo a
rede britânica BBC.
— As operações de buscas
continuam — afirmou Konashenkov, informando que uma missão militar já foi
enviada para Sochi. — Quatro navios, cinco helicópteros e um drone estão
trabalhando na área.
O presidente do Comitê de
Defesa e Segurança do Conselho da Federação, Viktor Ozerov, afirmou à agência
de notícias Sputnik que o acidente deve ter sido provocado por problemas
técnicos ou erro humano, mas descartou uma ação terrorista.
— Eu descarto a versão de
ataque terrorista completamente. É o avião do Ministério da Defesa, sobre o
espaço aéreo da Federação Russa, não pode existir essa versão — disse Ozerov. —
O avião deveria fazer uma curva em “U” após decolar sobre o mar, talvez tenha
tomado a direção errada.
A chanceler alemã, Angela
Merkel, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, bem como o embaixador dos
Estados Unidos em Moscou, John Tefft, expressaram suas condolências à Rússia.
CORAL ALEXANDROV ENSEMBLE
De acordo com agências
internacionais, a bordo do avião viajavam nove jornalistas, oito militares e 64
integrantes do coral e grupo de dança Alexandrov Ensemble, do Exército russo,
que participariam das comemorações de Ano Novo na base aérea síria de Khmeimim,
em Latakia, onde a Rússia tem um agrupamento de aviões de guerra.
Criado em 1928, o coral
Alexandrov Ensemble é reconhecido em todo o mundo por apresentar músicas
folcóricas, hinos e canções patrióticas russas. O grupo se apresenta com 100 a
120 artistas, dependendo da performance, com coral, dançarinos e orquestra.
Como a apresentação em
Khmeimim seria basicamente à capela, apenas os coralistas e dançarinos
embarcaram.
— A orquestra não voou
porque o coral usaria músicas gravadas — disse à Interfax Sergei Khlopnikov,
cantor do coral que não viajou porque sua filha está doente.
‘DOUTORA LIZA’ ESTÁ ENTRE
AS VÍTIMAS
Também estavam a bordo
dois funcionários públicos, oito tripulantes e Elizaveta Glinka, diretora
executiva da ONG Fair Aid International Public Organization.
Yelizaveta era conhecida
como “Doutora Liza”. Ela levava medicamentos para o Hospital Universitário de
Latakia, segundo o diretor do Conselho dos Direitos Humanos para o Kremlin,
Mikhail Fedotov, em comunicado citado pela agência de notícias Interfax.
— Esperamos por um milagre
até o fim — disse ele, destacando que era ela “amada por todos”.
Os canais de televisão
Pervy Kanal, NTV e Zvezda indicaram ter, cada um, três funcionários a bordo do
avião.
A agência de notícias
russa RIA, citando fontes de segurança anônimas, afirmou que dados preliminares
indicaram que o acidente foi provocado por problemas técnicos ou erro do
piloto. Segundo a agência Interfax, a aeronave não enviou sinal de socorro.
O voo de artistas para
concertos em bases militares russas é corriqueiro, uma medida para aumentar a
moral das tropas. A base de Khmeimim, para onde o Tu-154 viajava, opera
aeronaves que realizam ataques aéreos contra rebeldes sírios.
É o segundo acidente
envolvendo aviões militares russo neste mês. No dia 19, uma aeronave Ilyushin
IL-18, com 39 pessoas a bordo, se acidentou durante um pouso de emergência a 30
quilômetros de um aeroporto militar na cidade de Tiksi, na Republica de Sakha.
Ninguém morreu, mas 32 pessoas foram hospitalizadas.
Fonte: O Globo
Comentários