A
região faz fronteira com a Venezuela, que vive uma forte crise política e
econômica e gerou o êxodo de 30 mil venezuelanos para o Brasil em 2 anos.
O
fluxo intenso de venezuelanos em Roraima levou o governo do estado a decretar situação
de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional nos municípios de
Pacaraima e Boa Vista.
A
região faz fronteira com a Venezuela, que vive uma forte crise política e
econômica e gerou o êxodo de cerca de 30 mil venezuelanos para o Brasil nos
últimos dois anos.
“A
gente tinha um fluxo migratório fronteiriço normal, tanto de brasileiros que
trabalham na Venezuela, como de venezuelanos que trabalham no Brasil,
principalmente Pacaraima que é a cidade de fronteira. Mas, de um ano para cá
esse fluxo mudou, com número grande de solicitantes de refúgio. Nos últimos
meses, ocorreram quase 2 mil solicitações de refúgio”, relata a irmã Telma Lage,
coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima.
Segundo
Telma, os agendamentos dos pedidos de refúgio já chegam ao ano de 2018. “Todos
os dias tem fila na porta da Polícia Federal”, conta ela, que acompanha cerca
de 500 venezuelanos em Boa Vista.
Os
imigrantes venezuelanos se instalaram nas ruas e nos poucos abrigos das
principais cidades de Roraima, em busca de alimento e fonte de renda para
sobreviver. A situação se agravou nos últimos meses principalmente nos serviços
de saúde do estado.
Saúde
De acordo com estatísticas
do Pronto Atendimento do Hospital Geral de Roraima (HGR), situado na capital, o
número de venezuelanos atendidos aumentou de 324 em 2014 para 1.240 no ano de
2016, o que representa um aumento de 382,71%.
Em 2016, os atendimentos
médicos em venezuelanos já atingem o percentual de 60,25% do total de
atendimentos a estrangeiros.
O índice de internação de
venezuelanos já ultrapassou o de brasileiros: a cada 100 pacientes internados
na capital de Roraima, 13 são da Venezuela e cinco do Brasil.
A movimentação migratória
também impactou as notificações de doenças infecciosas em 2016. Dos 2.517 casos
de malária registrados em Roraima, 1.947 são procedentes da Venezuela.
Dos 48 casos de
Leishmaniose Tegumentar Americana, 33 ocorreram em venezuelanos e 100% dos
novos infectados pelo vírus HIV também são do país vizinho.
O governo do estado
declara que não tem infraestrutura básica para comportar o aumento expressivo
dos atendimentos e que não tem condições de arcar “solitariamente com os custos
advindos do fluxo migratório”.
O decreto de emergência
foi assinado ontem (7) e valerá por 180 dias.
“O que a gente sente é que
tem que haver um esforço coordenado entre os governos municipais, estadual e
federal. E até agora a gente não tem visto isso. Há uma política baseada no
receio”, afirma Telma Lage, coordenadora do Centro de Migrações e Direitos
Humanos da Diocese de Roraima.
O presidente do Conselho
Nacional de Imigração (CNIG), Paulo Sérgio de Almeida, afirmou que o conselho
ainda aguarda o relatório da missão formada por integrantes do Ministério da
Justiça, Polícia Federal, Itamaraty e Acnur, que visitou Roraima em outubro
deste ano para estudar as medidas que podem ser tomadas em apoio ao estado.
Paulo disse que o decreto
de emergência deve agilizar a adoção de medidas de apoio do governo federal. A
Agência Brasil entrou em contato com o Ministério da Justiça e a Polícia
Federal, mas ainda não obteve resposta.
(Com
informações da Agencia Brasil)
Comentários