Seguranças da Vale são autuados por agredir agricultores no sudeste do PA

Agressão foi denunciada nas redes sociais. Na foto, um dos agricultores agredidos aparece com roupa manchada de sangue e o rosto ferido (Foto: Reprodução/ Facebook)
Segundo a polícia, 4 seguranças que trabalham para a Vale foram autuados.
Dois agricultores foram espancados enquanto faziam reparo em cerca.
Do G1 PA
Quatro seguranças contratados pela mineradora Vale foram autuados suspeitos de agredir dois trabalhadores rurais, em Canaã dos Carajás, sudeste do Pará, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (3) pela Polícia Civil. As vítimas foram espancadas enquanto faziam o reparo em uma cerca que faz divisa da terra em que trabalham os agricultores com as propriedades da Vale. Por meio de nota, a mineradora alega que os seguranças agiram para impedir “a tentativa de invasão da área”.
O caso ocorreu no último dia 27, por volta de 11h30. O fazendeiro e seu filho consertavam a cerca que separa as terras em que trabalham e as propriedades da mineradora Vale, em uma fazenda, perto da área onde a empresa mantém o projeto S11D, para exploração do minério de ferro no complexo minerário na região da Serra dos Carajás. As vítimas alegaram que o conserto da cerca era para impedir que o gado deles saísse do terreno e passasse para dentro da área da Vale.
Segundo um dos agricultores agredidos, de 46 anos, houve um acordo firmado na Vara Agrária de Marabá em que a mineradora seria responsável em cercar toda estrada onde está situado o ramal ferroviário, por onde passa o trem da empresa. No momento em que faziam o serviço, explicaram as vítimas, foram agredidos a socos e chutes, e coronhadas na cabeça, pelos seguranças armados de uma empresa privada contratada pela mineradora.
De acordo com o agricultor, além das agressões físicas, os seguranças fizeram ameaças e teriam usado spray de pimenta. Os seguranças foram enquadrados em um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por lesão corporal e irão responder ao processo na Justiça.
Vale alega 'tentativa de invasão'
Em nota, a Vale informou que “houve uma tentativa de invasão em área de propriedade da empresa, por um grupo de cerca de 10 pessoas”, e que o grupo tentou “construir uma cerca de um quilômetro além de sua fazenda, ou seja, dentro de propriedade privada da empresa”. De acordo com a Vale, os seguranças da Prosegur reagiram, em legítima defesa, ao serem agredidos pelos invasores.

Vale mostra foto de um dos seguranças que teria
sido  agredido pelos trabalhadores rurais
(Foto: Ascom/Vale)
A empresa nega que a equipe de segurança tenha agido com truculência. "A abordagem foi feita na tentativa de diálogo com as lideranças como demonstrado na imagem, quando a equipe foi surpreendida com a agressão física por parte dos invasores, fraturando o nariz do inspetor de segurança", informou a Vale.
Ainda de acordo com a nota, a equipe de segurança da empresa, em ato de legítima defesa contra a agressão e em desforço imediato, impediu a continuidade da invasão da propriedade.
Sobre a alegação referente à cerca, a Vale diz que não procede qualquer pendência da empresa em relação ao assunto. A propriedade continha as devidas cercas e as mesmas já foram quebradas por cinco vezes, conforme boletim de ocorrência registrado na Policia de Canaã, mesmo com a placa de propriedade particular.

A Vale solicitou também uma sindicância administrativa da Prosegur para apuração detalhada dos fatos e requereu o afastamento dos seguranças para que possam ficar à disposição das autoridades competentes com a finalidade de contribuir para a apuração dos fatos. A  mineradora informou que está acompanhando o caso de perto e  aguarda a apuração dos fatos.

Anteriormente a esse episódio, a Vale disse já havia registrado Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia de Canaã dos Carajás contra o fazendeiro Jorge Martins, que destruiu, por cinco vezes,  as cercas que delimitam os imóveis.

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