Em
protesto contra uma medida provisória editada pelo governo, agricultores de
Novo Progresso (PA) fecharam a BR-163 no km 313, rota da soja para portos do
Norte do país.
A
via, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), já tinha ficado fechada em fevereiro
por causa de atoleiros formados na região devido às chuvas, falta de
conservação e aumento de tráfego, causando prejuízos bilionários para aos
produtores rurais.
Os
agricultores protestam contra a Medida Provisória 756, que foi editada para
permitir que uma ferrovia ligando o Mato Grosso ao Pará, a Ferrogrão, seja
construída. A via passa por áreas de conservação na região do Jamanxin (PA), e
a medida retirava a proteção de áreas por onde ela vai passar.
Mas
a MP enviada ao Congresso tornou protegidas outras áreas que não pertenciam a
florestas ou áreas de proteção, onde agricultores já estavam fazendo plantação
e pecuária, segundo Nery Prazeres, ex-prefeito de Novo Progresso.
Produtores
e políticos da região estão tentando evitar que novas áreas na cidade sejam
protegidas em negociações no Congresso Nacional, onde a MP está em tramitação.
De
acordo com Ricardo Denadai, produtor rural da região, o protesto deverá
continuar até a votação final da medida provisória -o prazo é até o final de
maio.
Eram
esperadas para esse ano mais de 8 milhões de toneladas de soja nos terminais
portuários da região, devido aos custos cerca de 30% menores em relação ao
envio para outros portos. Mas o fechamento da via pode reduzir essa quantidade.
De
acordo com Denadai, os caminhoneiros vão receber alimentação durante o período
de fechamento da estrada. Ele reclamou que o ICMBio (Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade), órgão de proteção áreas ambientais, já está
fazendo operações para retirar agricultores de novas áreas protegidas após a MP
antes mesmo da decisão do Congresso ser definitiva.
"Tem
gente plantando há 30 anos nessas áreas. Não queremos prejudicar a logística do
país. Mas não pode prejudicar as pessoas", afirmou Denadai.
(Folhapress)
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