Embora tente
poupar o jogador, o canal não consegue unificar seu discurso e escapam criticas
ao jogador por todos os lados
Virou uma coisa totalmente
esquizofrênica a relação entre Neymar e Globo. A emissora não sabe se bate ou
se passa a mão na cabeça do jogador. E daí que isso resulta num monte de coisas
estranhas espalhadas pela programação e até nos canais a cabo pertencentes ao
grupo, tipo SporTV.
Veja só o caso de Galvão
Bueno. O narrador não podia falar mal do craque durante a Copa. Houve um acordo
com o pai de Neymar e realmente praticamente não vimos Galvão ou Casagrande
detonar o jogador. Mas com a eliminação da seleção brasileira a coisa mudou de
figura.
Galvão, em entrevista à
rádio Itatiaia, deu um jeito, de maneira educada, de mandar seu recado para o
atleta. O narrador deixou claro que não se pode culpar uma pessoa só pelo
fracasso na Rússia, mas que “esperava que ele explicasse porque não foi o
Neymar que ele mesmo esperava e que todos esperavam (...) Acho que cabe a
aquele que é o líder técnico do time, a grande estrela do time, acho que passa
sim por um processo de ter que dizer”, comentou Galvão sobre o silencio do
jogador após a derrota para a Bélgica. E continuou: “Cada um tem sua
responsabilidade. Esperava muito mais dele, mas também não digo que ele seja
culpado”.
Assim, enquanto Galvão
batia de um lado, o Fantástico tratava de aliviar completamente para o jogador.
Neste domingo, através de Tadeu Schmidt, o programa deu sua posição e tratou de
suavizar um pouco para o lado do moço. “Que a imagem do Neymar no chão não
esconda o tanto que ele lutou, todo o brilho que ele produziu de pé”. Tadeu
mostrou que o atleta virou uma piada mundial por causa de suas quedas forçadas
que geraram uma enormidade de memes. O apresentador perguntou se isso era
“justo”. O Fantástico foi ainda mais longe e disse que outros jogadores também
simulam faltas, mas que mesmo Neymar não quer passar uma imagem de que quer
trapacear.
Casagrande também voltou a
criticar Neymar, não na Globo, mas em sua coluna na revista GQ. Entre outras coisas, pediu
o posicionamento do atleta, dizendo que é “fácil falar no Instagram, mas que
pouco significa”. E foi além: “Quem quer liderar, precisa estar presente também
nas horas difíceis e saber se portar diante das cobranças. O restante do time
fez isso. A Comissão técnica também. Falta o nosso astro”.
Na manhã desta terça (10),
durante o Hora 1, Thiago Oliveira, que apresenta o bloco de esportes, anunciou
a ida do goleiro Gianluigi Buffon para o PSG, mesmo time de Neymar. Thiago
soltou a frase: “Sabe o que eu espero? Buffon é um grande goleiro, todo mundo
sabe, mas que ele passe experiência para o nosso menino Ney”.
No SporTV, canal a cabo
que pertence a Globo, a coisa também desandou para o lado de Neymar. O
apresentador André Rizek disse o seguinte: “Neymar, é triste dizer isto, como
brasileiro, como fã do moleque que me encantou desde seu primeiro gol pelo
Santos, eu estava lá no Pacaembu comentando o jogo, deixa a Rússia como piada
Mundial”, disse o jornalista.
Como dá para ver, o pessoal
da Globo não se entende mais sobre como tratar Neymar. Por um lado, todo mundo
sabe que ele realmente simula demais, finge mesmo, o que contribui para detonar
sua imagem. Por outro lado, muitas vezes, o jogador é verdadeiramente caçado em
campo, sofrendo entradas realmente complicadas.
Acontece que o que está em
jogo aqui não é só o Neymar de dentro de campo, mas sim o conjunto. Será que
temos de ter pena dele, como sugeriu o Edu Gaspar, braço direito de Tite na
seleção? Vivem tratando Neymar como um menino, mas ele já tem 26 anos. Na
próxima Copa, se continuar jogando pelo Brasil, terá 30 anos. Poderá ser sua
última chance. Vamos continuar tratando o moço como um bebê mimado até quando?
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