Por Patrícia Falcoski, TV Globo, São Paulo
Investigação
apura se Temer editou decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca
de propina; o presidente nega.
O
delegado da Polícia Federal (PF) Cleyber Malta Lopes ouve nesta terça-feira
(17), em São Paulo, novas testemunhas no inquérito dos
portos. A investigação apura se o presidente Michel Temer (MDB)
editou, em 2017, um decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca de
propina. Temer nega.
O primeiro a depor foi o
advogado Adalberto Calil, que trabalhou no grupo da transportadora Júlio Simões
por quase 30 anos. Ele foi ouvido desde as 10h na sede da PF no Aeroporto de
Congonhas, na Zona Sul da capital, na condição de testemunha, segundo o
advogado.
A investigação quer saber
como foi a participação do grupo, que é dono da empresa JP Tecnolimp e que teve
um contrato no valor de quase R$ 60 milhões, por um período de 15 anos, com a
Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de
Santos.
A JP Tecnolimp atua em
serviços de limpeza e teria como sócia oculta a Eliland do Brasil, apontada
pela Polícia Federal como empresa de fachada, usada pelo coronel João
Baptista Lima Filho, amigo de Temer, para "receber recursos
indevidos de empresas do setor portuário".
Lima é apontado na delação
da JBS como intermediário de R$ 1 milhão de propina para o presidente. Ele
também é dono da Argeplan e foi preso em março, e depois solto.
O delegado quer saber se o
grupo Júlio Simões, por meio da JP Tecnolimp, realizou pagamentos indevidos
para a Argeplan, ainda que de forma oculta.
Outra testemunha é o
advogado Gabriel de Carvalho Jacintho, que foi citado no dia 19 de junho no
depoimento de Paulo Siqueira. Jacintho é apontado como uma das pessoas que
abriram a empresa Eliland do Brasil, a pedido da Argeplan.
Ele chegou para prestar
depoimento pouco antes das 16h e não falou com a imprensa. A PF quer saber se a
Eliland foi utilizada para receber dinheiro oculto da Argeplan.
Gabriel Jacintho chega para prestar
depoimento na PF em Congonhas no inquérito dos portos (Foto: William Santos/TV
Globo)
O dono da Júlio Simões,
Fernando Simões, também foi intimado para depor, mas o advogado dele, Carlos
Kauffmann, foi até a PF e disse que seu cliente não poderia falar nesta terça.
O delegado irá marcar outra data para ouvi-lo.
Na quarta, o delegado
Lopes deverá ouvir dois executivos de uma empresa do grupo Rodrimar.
O que dizem os citados
À TV Globo, no começo do
mês, o Palácio do Planalto declarou que é incoerente a afirmação de
que o presidente Temer tenha mantido influência no Porto de Santos, mesmo
quando foi oposição ao governo federal, e desconhecia todos os responsáveis
pela administração da Codesp.
A Codesp afirmou que não
pode opinar porque não foi notificada do teor das investigações.
A defesa do coronel Lima e
da Argeplan negou todas as acusações e disse que ele não cometeu ou participou
de qualquer fato ilícito ou irregularidades.
A JP Tecnolimp nega ter
envolvimento com pagamentos de vantagens indevidas, a qualquer pessoa ou
empresa, e afirma que não tem nenhum vínculo com a empresa Eliland do Brasil.
A Eliland do Brasil
declarou que é, sim, sócia da JP Tecnolimp, e que não tem ligação legal com o
coronel Lima e a Argeplan.
A Rodrimar declarou que
não foi beneficiada pelo decreto dos portos e que nunca atuou para receber
privilégio do poder público.
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