Durante os dois anos da
operação Carne Fraca, a Polícia Federal realizou perícia em alimentos
produzidos por frigoríficos em apenas um caso, de acordo com reportagem do UOL.
Segundo o site, a empresa analisada foi a curitibana Peccin Agro Industrial,
que responde pelos alimentos da marca Italli.
A Polícia Federal
constatou diversas irregularidades nas análises: utilização de carnes
estragadas para fazer salsichas e linguiças, além de utilizar produtos para
maquiar essas carnes vencidas e falta de rotulagem e refrigeração.
A Peccin negou as
acusações, e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, questionou a parte
técnica da investigação, neste domingo (19), e declarou que algumas práticas
consideradas irregulares pela investigação são permitidas por lei.
No entanto, a investigação
da Polícia Federal se debruçou, além dos indícios de irregularidades nos
produtos, sobre indícios de corrupção entre servidores do Ministério da
Agricultura (Mapa) e de empresas de alimentos, como os frigoríficos.
A Polícia Federal realizou
análise de grampos e colheu depoimentos. As irregularidades constatadas foram
várias: a concessão desenfreada de certificados foi uma delas. Para emitir
esses certificados, deveriam ser exigidos uma fiscalização rigorosa, que, muitas
vezes, era “substituída” por presentes aos servidores como dinheiro, lotes de
carne e até asinhas de frango.
ALIMENTOS IMPRÓPRIOS
Uma das críticas do
Ministério da Agricultura à operação da Polícia Federal foi a percepção,
segundo o órgão, que quase toda carne comercializada no Brasil é de má
qualidade. De fato, nem todas as 32 empresas envolvidas na operação é suspeita
de vender alimentos impróprios para o consumo.
A rede de companhias
envolvidas em casos de corrupção, por outro lado, é vasta. A JBS, por exemplo,
que é a maior empresa nacional do setor, é alvo da investigação por causa da
atuação de funcionários da Seara e da Big Frango.
A Polícia Federal apontou
que um funcionário da Seara, identificado como Flávio Cassou, dava dinheiro e
alimentos a servidores do Ministério da Agricultura em troca da emissão de
certificados sem a devida fiscalização. Esses certificados permitiam a venda e
exportação de produtos.
A JBS confirmou que ele
foi contratado em 2015, era mantido pela empresa, mas trabalhava cedido ao
Ministério da Agricultura.
Na investigação, também é
apontado que o ex-presidente da Big Frango, Roberto Mulbert, apareceu
perguntando a uma servidora sobre a possibilidade de prorrogar a data de
validade de embalagens.
Já a empresa BRF,
considerada a segundo maior do setor, enfrenta denúncias ainda mais
complicadas: os funcionários da empresa são acusados de oferecer diversas
vantagens para servidores públicos para evitar a suspensão de uma fábrica
localizada na cidade de Mineiros (GO), onde havia incidência de salmonella.
A BRF afirmou que não
compactua com ilícitos.
(Com informações do UOL)
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