Irregularidades na aplicação dos recursos do BNDES. no Estado do Pará


 Notas irregulares e R$ 77 mi sem contas

O governo do Estado deu entrada na Secretaria do Tesouro Nacional a um novo Plano de Metas para o ajuste fiscal de 2011 para que consiga flexibilizar novas contratações de empréstimos. “A gestão passada não cumpriu as metas do ajuste fiscal de 2010, na medida em que apresentou um resultado primário negativo de mais de R$ 400 milhões, aliada à insuficiência financeira, o que impede que façamos novas contratações de crédito”, explica Sérgio Leão, secretário especial de Infraestrutura.
Leão assegura que a atual gestão não deseja qualquer tipo de revanche ou ganho político quando revela fatos como os descobertos pela Auditoria Geral do Estado (AGE), que apontam irregularidades na aplicação dos recursos do BNDES. De acordo com o relatório da Auditoria, o governo de Ana Júlia Carepa teria utilizado 16 notas fiscais em duplicidade em contratos diferentes, que totalizam R$ 77 milhões dos R$ 295 milhões liberados pelo BNDES, do total de R$ 366 milhões do empréstimo. “O problema ocorreu na gestão passada. O que queremos é salvar o Estado de um castigo ainda maior do que o já que recebe hoje e que engessa a nossa administração”, coloca.
Ele rebate a defesa do PT no episódio, que desafiou o atual governo a mostrar ordens bancárias que comprovariam o duplo pagamento. “Em nenhum momento afirmamos que houve duplicidade no pagamento, mas sim a utilização dupla de notas em duas operações de crédito diferentes. Isso significa dizer que existe um buraco, um vácuo, de R$ 77 milhões nessa prestação de contas. Isso o PT e seus deputados não conseguiram explicar: como foram utilizados esses recursos?”.
Ele critica o fato de na sua defesa, o PT ter até mesmo utilizado a justificativa de “erro de digitação” para justificar a irregularidade. “Como errar simultaneamente a digitação em 16 documentos fiscais no valor de quase R$ 80 milhões? Isso é gravíssimo”! O PT, segundo Sérgio Leão, teria argumentado ainda que outras despesas como valores transferidos para municípios e os usados para emendas parlamentares teriam alcançado R$ 79 milhões, montante superior aos R$ 77 milhões questionados. “Ora, quem fez a prestação de contas não fomos nós, mas sim os técnicos da gestão passada. Só analisamos a prestação de contas. Por que não colocaram esses valores que dizem ter transferido nessa prestação?”, questiona Leão.
O secretário garante que a intenção do governador Simão Jatene ao chamar os representantes do Tribunal de Justiça do Estado, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa e tornar pública a questão foi unir esforços para tentar resolver o problema para que o Estado não fique também inadimplente junto ao BNDES. “Estamos negociando junto à instituição de que maneira podemos recompor essa prestação de contas para que a situação fiscal do Estado não se agrave ainda mais. Teremos que contar com a colaboração de todos os poderes para encontrar uma saída financeira que seja juridicamente aceitável”, pondera.
Sérgio Leão afirma que o governo trabalha em cima dessas informações há mais de cinco meses e jamais deixou que qualquer informação vazasse. “Isso mostra que o uso político dessa situação e até mesmo a divulgação de informações distorcidas, como o PT quer fazer crer, nunca existiu. Ocorre que a sociedade e a opinião pública precisam saber os problemas existentes nas finanças do Estado e o que estamos fazendo para resolvê-las”.
Procurada pelo DIÁRIO, Ana Júlia não foi encontrada. (Diário do Pará)

Comentários