Ajudante de obras ficou duas horas preso sob os escombros de prédio. Dentro da cabine, ele usou telefone para ligar para amigo e pedir socorro.


 25 de janeiro - Os prédios desabaram pouco antes das 21h de quarta-feira (25) na região da Rua Treze de Maio, no Centro do Rio de Janeiro, bem atrás do Theatro Municipal, segundo informações do Centro de Operações da Prefeitura.

 25 de janeiro - Bombeiros carregavam uma vítima dos desabamentos no Centro do Rio de Janeiro, na noite de quarta


 25 de janeiro - A Defesa Civil e a polícia cercaram a area em torno dos prédios por conta do risco de novos desmoronamentos.
Celular e elevador salvaram ajudante de obras de desabamento no Rio
“Foi esse telefone que me salvou”, disse o ajudante de obras Alexandro da Silva Fonseca Santos, de 31 anos, mostrando o celular que tocou assim que ele saiu do Hospital Souza Aguiar, após receber alta pouco depois das 9h desta quinta-feira (26).
Santos é um dos sobreviventes do desabamento de três edifícios no Centro do Rio de Janeiro, ocorrido na noite de quarta-feira (25). Seis pessoas ficaram feridas e três permaneciam internadas. O prefeito Eduardo Paes disse no começo da manhã que, apesar de não haver uma lista oficial, as equipes trabalhavam com a possibilidade de haver 19 desaparecidos. Com o avanço do trabalho de remoção dos escombros, corpos foram localizados pelos bombeiros na manhã desta quinta.

“Quando olhei pela janela, comecei a ver o reboco caindo. A primeira coisa que pensei foi entrar no elevador”, contou Santos, que trabalhava em uma obra no 9º andar do Edifício Liberdade, no número 44 da Avenida Treze de Maio. “Quando entrei, o elevador despencou. Só pensava na minha família e que iria morrer”, diz.

De dentro do elevador, Santos conta que ligava para um amigo, que estava fora do prédio. “De dez em dez minutos eu falava com ele”, lembra. “Até que ele me colocou para falar com um dos bombeiros”, diz. O ajudante de obras levou duas horas até ser resgatado. “Não tive um machucado, nem um arranhão”, disse, na saída do hospital.
'Desmanchando'
O ajudante de obras conta que, por volta das 21h de quarta-feira, chegava ao 9º andar do edifício, onde trabalhava em uma pintura. “O prédio parecia estar desmanchando. Começou a cair de cima para baixo”, recorda, antes de voltar correndo para dentro do elevador.

Santos diz se lembrar de mais quatro pessoas dentro do edifício no momento do desabamento: dois colegas de trabalho, que estavam junto com um zelador do edifício, no térreo, além de outro zelador, que mora, segundo ele, no 18º andar. “Já falei com meus amigos, e eles estão bem. Mas não sei como estão os zeladores”, disse.

“Os bombeiros gritavam: ‘Tem alguém aí?’ E eu respondia, de dentro do elevador: ‘Estou aqui!’”, conta Santos. “Quando me acharam, cortaram um ferro na parte de cima do elevador. Eu, que sou magrinho, consegui sair por ali”, recorda. “Quando me pegaram, já me deram uma máscara para eu respirar melhor. Eu estava calmo”, complementa.

Santos afirmou que não sentiu cheiro de gás em nenhum momento durante o tempo em que participou da obra no 9º andar. “Também não ouvi nenhum explosão, somente o barulho do prédio caindo”, acrescentou. “É difícil explicar o que aconteceu”, disse. “Eu pedi muito a Deus. Orei muito. Tenho quatro filhos e minha esposa, e agora só quero abraçá-los. Além do meu aniversário, no dia 13 fevereiro, agora tenho que comemorar o dia de ontem, quando nasci de novo”, concluiu com um sorriso.
Santos abraça mãe e irmã na saída do hospital (Foto: Bernardo Tabak/G1)Santos abraça mãe e irmã na saída do hospital

Comentários