Ouro sobe 5% e supera o dólar como melhor aplicação de abril


Com uma alta de 4,4%, moeda norte-americana atinge R$ 1,90 e é o segundo investimento com melhor retorno no mês

Danielle Brant e Olívia Alonso, iG São Paulo | - Atualizada às
Foto: Getty Images Com maior busca por ativos seguros, cotação do ouro sobe 5,3% em abril
O ouro subiu mais de 5% e bateu o dólar no ranking das melhores aplicações de abril. O metal precioso ganhou tanto com a oscilação do dólar, uma vez que é cotado na moeda dos Estados Unidos, como com a busca de segurança em um mês de muitas notícias negativas no exterior.
O dólar teve um avanço de 4,4% em abril e, com esta alta, foi o segundo investimento com melhor retorno no mês, depois de já ter subido 6% e liderado o ranking de investimentos em março. No ano, o dólar avança 2,1%. Nesta segunda-feira, a moeda dos Estados fechou cotada a R$ 1,907, maior nivel desde 2009.
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Se o mês foi bom para o dólar e para o ouro, foi ruim para bolsa de valores, que não melhorou seu desempenho em abril. Depois de um início de ano animador, com o Ibovespa se recuperando nos primeiros meses do ano e quase zerando as perdas de 2011, o mercado de ações mudou de rumo. Após já ter começado a perder forças em março, o índice continuou assim no quarto mês do ano, em que caiu 4,2%.

Ranking das aplicações em abril

Variação em %
Fábio Colombo
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“Não foi um mês bom, pois a perspectiva global piorou bastante”, afirma o economista Pablo Spyer, diretor estatutário da Mirae Asset Securities. “A Bovespa estava nos 68 mil pontos há um meio e meio e, agora, está nos 61 mil”, completa.
O mês foi marcado por notícias negativas vindas da China. A segunda maior potência mundial registrou aumento da inflação e apresentou queda na importação, indicando que pode frear seu consumo externo. Além disso, o país informou que seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 8,1% no primeiro trimestre, abaixo da previsão dos analistas. Esse cenário preocupante derrubou as bolsas globais e afetou papéis como os da mineradora Vale, grande exportadora para a nação asiática.
"A Espanha também assustou, com o aumento dos juros dos títulos do país e dos da Itália”, ressalta Spyer. No Brasil, o ambiente econômico também está difícil, comenta Leandro Ruschel, analista da Leandro & Stormer. "Ainda não sabemos até que ponto a alta das ações no início do ano era resultado de uma real retomada da economia ou se era resultado de facilitações de crédito no País. Essa é a principal dúvida que paira nos mercados, tanto no brasileiro como no global," afirma.
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Espanha admite estar em "momento delicado"
Nos Estados Unidos, o que desanimou o mercado foi a frustração da expectativa de que o governo injetasse dólares na economia, acrescenta o administrador de investimentos Fábio Colombo.
Em momentos de maiores preocupações globais, ativos como dólar e os títulos do tesouro dos Estados Unidos, tendem a ser beneficiados, uma vez que são buscados como uma forma de refúgio e proteção, em detrimento de opções mais arriscadas, como a própria bolsa.
Fundos
A decisão do Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central de cortar a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto percentual contribuiu para que fundos DI e atrelados à inflação se tornassem boas aplicações no mês, assim como a poupança, que se torna vantajosa caso os juros básicos caiam abaixo de 9%.
Já os fundos de renda fixa e indexados ao CDI começam a sofrer. “Por isso, a (presidenta) Dilma está forçando a Caixa Econômica a diminuir a taxa de administração desses fundos, para torná-los mais competitivos perante a poupança”, afirma Spyer.

Ranking das aplicações em 2012

Variação em %
Fábio Colombo
Cautela em maio
No horizonte, mais cautela, adverte Pablo Spyer. “O cenário piorou, o mercado está mais cuidadoso e a China continua desacelerando. As ações de empresas pagadoras de dividendos devem ter performance melhor, enquanto alguns investidores podem escolher sair da bolsa e rumar para ativos de renda fixa”, ressalta.
Dados sobre o crescimento das economias da China, da Europa e dos EUA devem continuar a ser acompanhados, bem como as projeções para o PIB e a indústria do Brasil e a evolução da rolagem das dívidas da Espanha e da Itália, diz Fábio Colombo. Na opinião dele, o ouro continua sendo uma opção conservadora para diversificação.
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