Audiência: Comunidade de Água Branca teme suspensão de atividade garimpeira


Moradores da comunidade de Água Branca estão preocupados por conta dos itens de uma Instrução Normativa que estabelece rigorosos limites à exploração mineral, principal atividade na região. O assunto foi discutido em uma reunião realizada na comunidade.

Durante um rápido sobrevôo pelos arredores da pequena vila de Água Branca é possível notar o grau de devastação provocado pela mineração. Foi a mesma imagem observada por uma comitiva formada por representantes dos governos Federal e do Estado, durante uma visita ao garimpo. Foi desta amostragem que surgiu uma Instrução Normativa que propõe o ordenamento da atividade garimpeira, a fim de reduzir os impactos ao meio ambiente.
A Instrução Normativa, que foi elaborada com a participação das Secretarias de Meio Ambiente e de Industria, Comércio e Mineração do Estado, além do DNPM, Câmara de Vereadores, Prefeitura de Itaituba e 12 entidades de classe de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso, estabelecendo um novo modelo para a garimpagem. A proposta ainda não entrou em vigência, mas já provoca grande preocupação em quem vive do garimpo.
Na comunidade de Água Branca, vinte anos atrás, a a população alcançava menos de seiscentos habitantes. Hoje são mais de mil e quinhentos, sem contar com as mais de trinta frentes de serviço instaladas nos arredores. A maioria dessa população depende diretamente do garimpo, seja explorando minério ou trabalhando no comércio. Por causa disso, qualquer ameaça de suspensão da garimpagem é motivo de grande mobilização na comunidade. Por iniciativa da Cooperativa de Garimpeiros do Água Branca e da Associação de Moradores que foi organizada uma grande reunião, que teve a participação de uma comitiva de Itaituba, formada pela prefeita do município, vereadores e representantes de deputados estadual e federal. A preocupação é geral, e a proposta mais defendida no evento foi regularização da classe garimpeira e dos proprietários de áreas garimpáveis. Deste modo, eles poderão ganhar mais respaldo jurídico e argumento para defender a sua principal atividade econômica.
A garimpagem na região do Tapajós já acontece há mais de sessenta anos; é reconhecida como a mais importante atividade econômica, responsável por mais de 65% da economia do município. Estudos do DNPM definiram que a bacia aurífera se estende por 28 mil 745 km², possui mais de dois mil pontos de garimpagem e, pelo menos, quinhentas pistas de pouso, já que o principal meio de transporte é por avião. Nesta área, vivem atualmente mais de 70 mil pessoas, somando-se as frentes de serviço de Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso. Na opinião dos garimpeiros, suspender essa atividade ou criar regras que dificultem o trabalho no garimpo, com certeza, geraria o maior desastre social de toda a história da região.
A audiência foi organizada pelo presidente da Associação de Moradores e da Cooperativa de Mineradores do Água Branca, Francisco “França” Dias, que também presidiu o evento, onde também foi enfatizado que o governo é o grande responsável pelo desajuste na atividade garimpeira na região. Os organismos governamentais só vêm ao garimpo quando é para embargar ou aplicar multas. A falta de uma presença mais efetiva do governo acaba forçando os garimpeiros a trabalharem na ilegalidade, sem licença ambiental ou Permissão de Lavra Garimpeira. Eles admitem que a maioria das atividades é ilegal, mas também dizem que querem trabalhar dentro das regras, só falta que o governo esteja mais presente.

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