Índios pedem diálogo com presidente Dilma para deixar Belo Monte

Dilma Rousseff  (Foto: Reprodução Globo News)

Em carta aberta, manifestantes criticaram postura do Governo Federal.
Norte diz que índios desobedecem decisão judicial ao retornar ao canteiro.

Os índios que ocupam desde a madrugada desta segunda (27) o principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em Vitória do Xingu, no Pará, divulgaram uma carta aberta criticando o Governo Federal e a presença da Força Nacional da Segurança no local. No manifesto, as lideranças Munduruku, Xipaya, Kayapó, Arara e Tupinambá se dizem cansadas de "esperar e chamar", e pedem que a presidente Dilma Roussef dialogue com os manifestantes.
"O seu governo disse que se nós saíssemos do canteiro, nós seríamos ouvidos. Nós saímos pacificamente – e evitamos que vocês passassem muita vergonha nos tirando à força daqui. Mesmo assim, nós não fomos atendidos. O governo não nos recebeu. Nós chamamos pelo ministro Gilberto Carvalho e ele não veio", diz a carta. "E não mande a Força Nacional para negociar por vocês. Venham vocês mesmos. Queremos que a Dilma venha falar conosco", solicitam os índios.

Esta é a sétima carta divulgada pelos índios do Pará, e marca a segunda ocupação do canteiro em menos de um mês: os índios haviam deixado o local no dia 9 de maio, após a justiça conceder liminar de reintegração de posse em favor da Norte Energia. "Não temos nenhum prazer em sair das nossas casas nas nossas terras e pendurar redes nos seus prédios. Mas, como não vir? Se não viermos, nós vamos perder nossa terra", reclamam.
Ainda de acordo com os manifestantes, o canteiro foi ocupado novamente para protestar contra a construção de barragens sem a consulta prévia das comunidades indígenas, um direito que é assegurado pela constituiação e que, de acordo com o Ministério Público Federal do Pará, não ocorreu: a usina de Belo Monte, segundo o MPF, está sendo construída graças a uma decisão liminar que permite a realização das obras.
Em nota, a Norte Energia, responsável pela construção e operação da usina, disse que vai utilizar todos os recursos legais para retomar a área e dar continuidade nas obras do sítio Belo Monte. A empresa disse ainda que irá utilizar o direito de reintegração de posse concedido pelo Tribunal Regional Federal em 8 de maio, e que, por contrariarem uma decisão judicial, os invasores podem ser responsabilizados civil e criminalmente pela ocupação.
Fonte: G1.

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