Faltam projetos de governo para melhorar IDH

A falta de investimentos mais consistentes por parte do governo do Estado é, na avaliação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), o principal entrave à melhoria dos números do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que sempre colocam municípios paraenses entre os últimos do país. “Quando falamos Estado não é apenas este governo que está aí, mas também os que o antecederam e que contribuíram muito para que a nossa educação pública esteja nesse nível lamentável que está hoje”, ressalta Williams Silva, da coordenação do Sindicato.
Segundo ele, essa falta de prioridade no enfrentamento aos problemas da educação é histórica e contribui decisivamente para os péssimos indicadores sociais que o Estado apresenta e que sempre repercutem em nível nacional. “Sem uma educação de qualidade não há como se qualificar para arranjar um bom emprego e, sem emprego, não há como se sustentar e sustentar a sua família. É a partir daí que a criminalidade nasce. Não é à toa que os índices de violência na nossa região metropolitana estão nas alturas”, compara.
E uma educação de qualidade, diz o sindicalista, passa por uma rede equipada e estruturada, professores e equipe administrativa e pedagógica qualificada e bem remunerada. “Estamos há anos lutando pelo nosso Plano de Carreira que o Estado finge que está implementando, mas não cumpre o que é acordado. Ainda não implementou a hora-atividade e o Sistema Modular de Ensino (Some)”, criticou.
Após a divulgação de que Melgaço, na Região das Ilhas, tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do país, o prefeito Adiel Moura disse ontem que agora é preciso trabalhar e “correr atrás de recursos” para melhorar o quadro da educação e saúde municipal.
Adiel Moura disse ainda que a localização geográfica do município também dificulta a educação das crianças que residem às margens dos rios e precisam se deslocar para a cidade. “Muitos que estão na faixa etária de 15 a 20 anos largam os estudos para ingressar no mercado de trabalho, ou até mesmo na pesca e na lavoura, já que suas famílias são de baixa renda e precisam ter um emprego para se sustentar”, alegou o prefeito.
Confrontado com os números do Índice de Desenvolvimento Humano que colocam municípios paraenses entre os últimos colocados (Melgaço), o governador Simão Jatene admitiu ontem que os dados não chegam a surpreender. Ele evitou anunciar medidas emergenciais para reverter o quadro, mas disse que são necessárias “medidas estruturais”, entre elas o chamado pacto pela educação.
O desafio não será pequeno. Em Melgaço, por exemplo, 50% da população não sabe ler ou escrever. Com 24 mil habitantes, a cidade tem menos de mil vagas no ensino médio. Isso significa que, além de melhorar a qualidade será necessário ampliar o acesso às salas de ala.
Além de Melgaço, que foi o lanterna no ranking nacional com IDH 0,418, o Parátem outros municípios entre os piores IDHs do Brasil. No Marajó, os piores resultados foram também Chaves (0,453), Bagre (0,471), Portel (0,483), Anajás (0,484), Afuá (0,489), Curralinho (0,502) e Breves (0,503), todos na lista dos 50 piores índices do Brasil.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios, divulgado ontem, aponta que o desafio do país agora é melhorar a qualidade do ensino.
(Diário do Pará)

Comentários