Prefeito é preso em megaoperação contra suspeitos de fraudar licitações

Prefeito é preso em megaoperação contra suspeitos de fraudar licitações em SC PABLO GOMES/Agencia RBS

Chefe de Executivo municipal do Meio-Oeste deve ficar pelo menos cinco dias atrás das grades

Pelo menos um prefeito do Meio-Oeste de Santa Catarina está entre os 20 presos na Operação Fundo do Poço, deflagrada nesta quinta-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) para prender servidores públicos municipais e empresários do ramo de perfuração de poços artesianos envolvidos em um suposto esquema de formação de quadrilha, fraudes em licitações e crimes contra a administração pública.

Walter Kleber Kucher Junior (PMDB), de Erval Velho, cidade de 4,5 mil habitantes e distante 15 quilômetros de Joaçaba, foi capturado mediante mandado de prisão temporária expedido diretamente pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) devido ao seu foro privilegiado. Enquanto vigorar o mandado de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, o prefeito ficará em uma cela especial no Presídio Regional de Lages, onde as investigações foram concentradas.

Quem também esteve no Gaeco de Lages para prestar depoimento foi a prefeita Inês Terezinha Pegoraro Schons (PSDB), de Celso Ramos, cidade de 2,8 mil habitantes e distante 75 quilômetros de Joaçaba. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, que não soube informar o motivo, Inês foi acompanhada do assessor jurídico do município, João Biscaro.

Porém, como o Gaeco não divulgou o nome e nem a cidade de nenhum dos presos e a reportagem do DC não conseguiu localizar a prefeita e o advogado, não foi possível confirmar até o fechamento desta edição se ela está entre as pessoas presas.

A Operação Fundo do Poço é fruto de uma investigação iniciada há mais de um ano pelo Gaeco de Lages. O TJSC expediu 20 mandados de prisão temporária e 48 de busca e apreensão, cumpridos em várias cidades da Serra, Meio-Oeste e Oeste do Estado. Uma pessoa foi capturada no Paraná. Dos 20 presos, 12 ficarão em Lages e oito em Chapecó.

O coordenador do Gaeco de Lages, promotor Joel Rogério Furtado Junior, diz que a Operação Fundo do Poço foi a maior em número de efetivo já feita pelos Gaecos catarinenses até hoje. A ação mobilizou mais de 100 agentes dos Gaecos de Lages, Florianópolis, Itajaí, Criciúma, Chapecó e Joinville; policiais militares de Lages e Florianópolis; policiais civis da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Lages e da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Florianópolis; Instituto Geral de Perícias (IGP) e Secretaria de Estado da Fazenda.

— Foram presos servidores públicos e agentes políticos e apreendidos documentos e computadores em prefeituras e empresas de mais de 20 cidades. Tudo aponta para desvio de dinheiro público por meio de fraudes em licitações. Ainda é difícil levantar valores, mas são muito elevados. A partir dessa operação é que teremos isso mais claro —, conclui o promotor.

Contraponto
Mesmo preso, o prefeito de Erval Velho, Walter Kleber Kucher Junior (PMDB), está tranquilo. O advogado dele, Leonardo Elias Bittencourt, garante que o seu cliente, como homem público, é ciente que está sujeito à fiscalização e eventuais investigações. Porém, considera um exagero a prisão temporária, pois não tem antecedentes criminais e possui família e endereço fixo.

— O prefeito teria ido de forma espontânea prestar depoimento no Gaeco. Ele não oferece risco no sentido de coagir testemunhas, tanto que a sua prisão nem foi preventiva. Agora está sofrendo esse constrangimento.

O advogado destaca que a investigação do Gaeco é relacionada aos anos de 2011 e 2012, quando o atual prefeito era secretário municipal de Administração e coordenava os processos licitatórios de Erval Velho. Ele garante que as duas obras de poços artesianos no município que são alvo do trabalho do Gaeco não foram superfaturadas e, ao contrário, estariam com o orçamento abaixo do preço de mercado.
DIÁRIO CATARINENSE

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