Bolsonaro ofende deputada e diz, pela segunda vez, que não vai estuprá-la porque "ela não merece"
Em um discurso no plenário nesta
terça-feira (9) o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou que não
estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque “ela não merece”.
A discussão aconteceu depois da fala de Rosário contra a ditadura
militar.
“Fica aí, Maria do Rosário, fica! Há
poucos dias tu me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que não
ia estuprar você porque você não merece”, afirmou.
Bolsonaro diz que sua palavra é 'arma' e que não se arrepende de ofensas
Deputado disse que não estupra Maria do Rosário porque ela não merece.
Jair Bolsonaro (PP-RJ) se classificou como 'uma pessoa que importuna'.
Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse, na terça,
que só não estupra Maria do Rosário porque ela
não merece (Foto: Zeca Ribeiro/Ag.Câmara)
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta quinta-feira (11) que não
se arrepende das declarações dirigidas à deputada Maria do Rosário
(PT-RS) e reiterou o argumento de que estava apenas se defendendo, pois,
segundo ele, a parlamentar gaúcha o chamou de estuprador em um episódio
ocorrido há 11 anos. Bolsonaro também afirmou que sua palavra é uma
"arma" na Câmara e que ele é "uma pessoa que importuna" para chamar a
atenção.que só não estupra Maria do Rosário porque ela
não merece (Foto: Zeca Ribeiro/Ag.Câmara)
"Minha arma aqui na Câmara é minha palavra. Você tem que chamar atenção. Se não chamar, ninguém vai assistir você. Sou uma pessoa que importuno", declarou o parlamentar carioca em entrevista à Rádio Gaúcha. "Vocês vão ver agora quando recebermos o relatório da Comissão Nacional da Verdade, vou fazer o uso da palavra. Vocês vão ver, vão me acusar de tumultuar a sessão. Mas talvez eu seja o único a ter coragem de falar a verdade nessa história", disse Bolsonaro.
Em discurso no plenário da Câmara na última terça-feira (9), Jair Bolsonaro afirmou que só não estupraria Maria do Rosário porque ela "não merece". A deputada respondeu e disse que foi "agredida como mulher, parlamentar e mãe" e prometeu que vai processá-lo.
Segundo Bolsonaro, o episódio no qual a deputada o chamou de estuprador ocorreu quando ele estava concedendo entrevista a uma emissora de TV para defender a redução da maioridade penal em casos de estupro. O deputado disse que foi interrompido no meio da entrevista por Maria do Rosário, que começou a argumentar. "Ela defende o estuprador, passou a me chamar de ditador, de estuprador, esses argumentos de esquerdinha", declarou na entrevista.
"Rememorei isso aqui na Câmara e o pessoal saiu me atacando. Se eu tivesse me arrependido eu teria de retirar um projeto de lei de minha autoria onde eu pretendo agravar a pena para estupradores", disse. "Se a posição da Maria do Rosário é contraria à redução da maioridade penal, mesmo em caso de estupro, quem é que defende estupradores então?", questionou.
Bolsonaro ainda aproveitou a entrevista para reafirmar que quer disputar a próxima eleição presidencial. "Pretendo conseguir a legenda para presidente em 2018. Vou ajudar o Brasil e ir para o caminho certo", concluiu.
Maria do Rosário diz que vai processar Bolsonaro
Na quarta (10), Maria do Rosário fez um desabafoapós as declarações deBolsonaro. A deputada disse que foi agredida como mulher, parlamentar e mãe e prometeu que vai processá-lo.
“Fui agredida como mulher, como parlamentar, como mãe. Chego em casa e tenho que explicar isso para a minha filha”, afirmou Maria do Rosário também em entrevista à Rádio Gaúcha. “Vou processá-lo criminalmente”, acrescentou a petista, ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos.
Entenda
A polêmica envolvendo o deputado Jair Bolsonaro começou na terça-feira, quando ele reagiu a um discurso da deputada Maria do Rosário contra a ditadura militar, que chamou o período de “vergonha absoluta”. Bolsonaro repetiu ofensa dirigida à mesma deputada em 2003, quando os dois discutiram em um corredor da Câmara.

Jair Bolsonaro dirigiu ofensas à Maria do Rosário
na tribuna da Câmara nesta terça-feira (Foto:
Gabriela Korossy e Luis Macedo / Câmara dos
Deputados)
Bolsonaro, que é militar da reserva, foi à tribuna em seguida. No
momento da fala do deputado, Maria do Rosário deixou o plenário. "Fica
aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador,
no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não
merece. Fica aqui pra ouvir", disse.na tribuna da Câmara nesta terça-feira (Foto:
Gabriela Korossy e Luis Macedo / Câmara dos
Deputados)
Ao discursar, Maria do Rosário tinha afirmado que “homens e mulheres (...) se colocaram de joelhos diante dela [da ditadura] para servirem ao interesse da tortura, da morte, ao interesse de fazer o desaparecimento forçado, o sequestro”.
A ex-ministra criticou também as manifestações de rua que pedem a volta dos militares. Segundo ela, os manifestantes “deveriam ter consciência do escárnio que promovem indo às ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da história”.
Jair Bolsonaro disse que, para ele, a data é o “Dia Internacional da Vagabundagem”. “Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos”, declarou. E acrescentou ataques à presidente Dilma Rousseff.
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