No Rio, o jornal O Globo, dos irmãos Marinho, demite 100 profissionais; em São Paulo, a Abril, da família Civita, fecha revistas e entrega metade dos andares que ocupa; em Minas, o Estado de Minas, onde o diretor Zeca Teixeira da Costa fez campanha explícita por Aécio Neves, corta cabeças e coloca a própria sede à venda; meios de comunicação tanto fizeram para contaminar as expectativas empresariais, com o discurso de que o Brasil rumava para o abismo, que foram os primeiros a cortar na carne; venderam o fim do Brasil e estão morrendo antes dele
247 - A
semana que termina nesta sexta-feira escancarou a crise dos meios de
comunicação brasileiros. Primeiro, foi a Abril, em São Paulo, quem
entregou metade dos andares que ocupa e viu o busto do fundador Victor
Civita ser removido. Em seguida, o Estado de Minas demitiu 11
profissionais experientes e foi repreendido pelo sindicato dos
jornalistas por ter misturado jornalismo e política, de forma tão
explícita. Agora, é o Globo que corta 100 profissionais, dos quais 30 na
redação.
Há
um ponto em comum entre esses três grupos editoriais. Todos, no último
ano, adotaram o discurso de que o Brasil rumava para o caos. Engajados
na campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência da República,
o que foi feito de forma explícita por Zeca Teixeira da Costa, diretor
do Estado de Minas, esses veículos venderam a ideia de que a economia
brasileira, mesmo com pleno emprego e inflação na meta (ainda que no
topo), mais cedo ou mais tarde afundaria.
Tal
discurso contaminou as expectativas empresariais, reduzindo
investimentos. E os primeiros a sofrer foram os grupos de comunicação.
Os patrões venderam o caos, mas os jornalistas e profissionais de outras
áreas é que pagam o pato.
Leia, abaixo, notícia do Comunique-se sobre o Globo:
O
jornal O Globo realizou mais de uma centena de demissões nesta
quinta-feira, 8. Conforme informações extraoficiais repassadas à
reportagem do Comunique-se, ao todo, o veículo de comunicação dispensou
cerca de 160 profissionais, atingindo vários departamentos da empresa,
como administrativo e comercial. Na redação, os cortes alcançaram
aproximadamente 30 pessoas, entre repórteres e diagramadores.
Na lista de jornalistas que se despediram do dia a dia do impresso mantido pela Infoglobo estão profissionais premiados e com longo tempo de casa, caso da editora-assistente de ‘Rio’, Angelina Nunes, que estava na empresa de comunicação desde 1991. Ela usou o perfil que mantém no Facebook para confirmar a sua saída. “A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar”, publicou. Durante os 23 anos de trabalhos dedicados ao Globo, somou conquistas como Prêmio Esso, Prêmio Embratel e Prêmio Vladimir Herzog.
Integrante da galeria ‘Mestres do Jornalismo’ do Prêmio Comunique-se desde 2013, o colunista de cultura Artur Xexéo também foi dispensado pela direção do jornal. No Globo desde 2000, o articulista parece ter pressentido que iria deixar de colaborar com a publicação. No blog que leva o nome do jornalista, o último texto (publicado no domingo, 4) recebeu o título de “Despedidas”. No artigo, ressalta-se que a despedida era de 2014, mas o autor chega a citar a sua situação profissional em determinado trecho. “Se o assunto não for minha aposentadoria, o leitor sempre pode imaginar que fui demitido. Que demoraram 22 anos, mas, enfim, descobriram que sou uma farsa”, escreveu Xexéo.
Na lista de jornalistas que se despediram do dia a dia do impresso mantido pela Infoglobo estão profissionais premiados e com longo tempo de casa, caso da editora-assistente de ‘Rio’, Angelina Nunes, que estava na empresa de comunicação desde 1991. Ela usou o perfil que mantém no Facebook para confirmar a sua saída. “A partir de hoje não estou mais no Globo. Vou concluir o mestrado e me preparar para quando o Carnaval chegar”, publicou. Durante os 23 anos de trabalhos dedicados ao Globo, somou conquistas como Prêmio Esso, Prêmio Embratel e Prêmio Vladimir Herzog.
Integrante da galeria ‘Mestres do Jornalismo’ do Prêmio Comunique-se desde 2013, o colunista de cultura Artur Xexéo também foi dispensado pela direção do jornal. No Globo desde 2000, o articulista parece ter pressentido que iria deixar de colaborar com a publicação. No blog que leva o nome do jornalista, o último texto (publicado no domingo, 4) recebeu o título de “Despedidas”. No artigo, ressalta-se que a despedida era de 2014, mas o autor chega a citar a sua situação profissional em determinado trecho. “Se o assunto não for minha aposentadoria, o leitor sempre pode imaginar que fui demitido. Que demoraram 22 anos, mas, enfim, descobriram que sou uma farsa”, escreveu Xexéo.
Leia, abaixo, notícia do Portal Imprensa sobre a Abril:
Lucas Carvalho*
Após
cortes de gastos e reestruturações em seus produtos editoriais, a
editora Abril tem esvaziado andares de sua sede em São Paulo (SP). Uma
parte do prédio teria sido entregue a um fundo investidor do Banco do
Brasil, dono do imóvel.
O
principal motivo para as mudanças teria sido a diminuição de operações
na editora desde 2013 - envolvendo desde a transferência de dez
publicações para a Editora Caras até o fim da versão impressa da
revista Info. Em
2014, a editoria já havia divido parte de suas atividades com o prédio
localizado na Marginal Tietê, que pertence à Abril e não é alugado.
IMPRENSA
teve acesso ao comunicado interno divulgado pela empresa, que explica
aos funcionários os detalhes das mudanças. Nele, a editora diz que
decidiu não renovar o contrato de locação do primeiros andares da
chamada Torre Alta. Assim, as atividades da Abril ficarão concentradas
do 13º ao 26º andar do prédio, além do 8º piso.
Com
a reorganização do espaço comum do condomínio, o busto de Victor
Civita, fundador da Abril, que ficava na recepção, foi transferido para o
mezanino do prédio. O terraço e o auditório seguem sendo de uso
exclusivo da editora. O corte de custos seria uma estratégia natural do
grupo e não indicaria uma suposta "crise financeira". Com redações cada
vez menores, a empresa decidiu "compactar" suas instalações.
Procurada, a Abril ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto.
Leia, abaixo, notícia do Portal Imprensa sobre o Estado de Minas:
Vanessa Gonçalves, Jéssica Oliveira e Lucas Carvalho*
O jornal O Estado de Minas,
um dos principais veículos de comunicação de Minas Gerais, promoveu
nesta quarta-feira (7/1) um corte em seu quadro de funcionários. De
acordo com o sindicato dos jornalistas do Estado, 11 jornalistas foram
demitidos.
Segundo
a entidade, os profissionais desligados tinham grande experiência
profissional, sendo que alguns trabalhavam no jornal há décadas. Os
cortes atingiram cinco editoriais, que perderam repórteres, editores,
fotógrafos e um ilustrador. Uma secretária também foi demitida.
Em
nota, o sindicato solidarizou-se com os demitidos e suas famílias e
manifestou grande preocupação com os cortes, que "enfraquecem" o
jornalismo mineiro."A preocupação do Sindicato não se limita à perda do
emprego desses jornalistas e fechamento de postos de trabalho, mas
também pelas circunstâncias recentes que cercam a decisão da empresa. No
final de 2014, num ato que teve grande repercussão, o mesmo jornal
dispensou o então editor de Cultura João Paulo Cunha, que se recusou a
ter seus artigos censurados".
A
entidade diz entender que o fortalecimento da profissão e da liberdade
de imprensa passa pela produção de um jornalismo vigoroso, informativo e
democrático, masa, ainda de acordo com ela, o jornal tem realizado
"exatamente o oposto". "A renovação urgente do jornalismo mineiro não
pode prescindir de profissionais experientes como estes que acabam de
ser dispensados. O Sindicato informa ainda aos dispensados que
transmitirá orientações jurídicas a serem tomadas e em relação ao plano
de saúde, que também foi motivo de litígio recente dos jornalistas com a
empresa".
À
IMPRENSA, Kerison Lopes, presidente do sindicato, afirma que as
demissões ocorrem em decorrência da crise financeira enfrentada pela
publicação, que vai além dos problemas enfrentados pelos veículos
impressos em todo o mundo.
"O jornal passa por uma crise financeira, e uma crise de gestão e credibilidade. Nos últimos tempos, O Estado de Minas adotou
uma linha editorial atrelada a um grupo político e acabou perdendo
assinantes e, consequenemente, diminuindo sua venda em bancas", disse
ele.
Procurado por IMPRENSA, o jornal não retornou as ligações para comentar os cortes.
Comentários