Criada para
investigar a realidade do Sistema Carcerário Brasileiro, a Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) instituída pela Câmara dos Deputados estará em Belém hoje
(13) para conferir a realidade das unidades prisionais e uma possível crise no
Sistema Penitenciário do Estado do Pará. A programação da CPI inclui visita dos
parlamentares e convidados a três unidades prisionais.
Autor do
requerimento que possibilitou a visita da CPI ao Estado, o deputado federal
Edmilson Rodrigues (PSOL/PA) destaca que a comissão pretende investigar
questões relacionadas à superlotação carcerária e à existência de facções
criminosas nas unidades - problemas verificados no país em geral, mas também
muito significativos no Pará.
“A situação do
sistema carcerário é caótica em todo o Brasil, mas há lugares que conseguiram
apresentar mudanças após situações de conflito e outros que continuam vivendo
uma realidade muito chocante, como é o caso do Maranhão e do Pará”, ressaltou.
“Temos 13 mil presos no Pará e mais ou menos metade das vagas. Grande parte dos
presos são provisórios, não têm assistência jurídica e muitas vezes acabam
abarrotando as unidades prisionais”.
IMBRÓGLIO PENAL
IMBRÓGLIO PENAL
Acreditando que
apenas a construção de mais unidades prisionais não é suficiente para
solucionar o problema, o deputado também pretende verificar junto com a
comissão a condição em que se encontram as unidades já existentes no Estado.
Para que a situação seja analisada mais profundamente, foram convidados a
participar das visitas representantes das 1ª e 2ª Varas de Execuções Penais, do
Ministério Público Estadual (MPE), da Defensoria Pública Estadual, da
Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), da Secretaria de Estado de
Segurança Pública, da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do
Pará (Susipe) e representantes de movimentos sociais. “Só construir
penitenciárias não vai resolver o problema, mas aqui a situação se agrava
porque, além do atraso na construção de novas penitenciárias, tem o problema de
manutenção das existentes”, acredita Edmilson Rodrigues. “São muitos os
problemas”.
FACÇÕES DO CRIME
FACÇÕES DO CRIME
Destacando
também a possibilidade de existência de facções criminosas comandando ações de
dentro dos presídios, o deputado acredita que a situação enfrentada hoje no
Estado é grave. “Um problema sério são as facções que estão instaladas em todas
as penitenciárias brasileiras e apontam que o Pará também está dominado pelas
facções”, evidencia, apontando como geralmente a situação se configura dentro
das unidades em todo o país. “O sistema penitenciário tem que colocar os
membros de uma ou outra fação separados nas unidades prisionais e quem se diz
neutro acaba sendo morto lá dentro pelas facções. Isso vira uma tensão
permanente porque a qualquer momento durante um banho de sol pode haver
conflitos”.
FALTAM AGENTES
FALTAM AGENTES
Com relação
especificamente à situação do Estado, Edmilson ainda destaca a necessidade de
averiguação do preparo dos agentes prisionais que atuam nas unidades. “Temos um
dado sério no Pará. Não temos agentes penitenciários no Estado porque nunca foi
feito concurso público. Os mais antigos que foram aprendendo meio que na marra
ainda estão sendo demitidos. Foram mais ou menos 400 demitidos na última leva”,
afirma. “Não é feito concurso público, apesar de existir um TAC (Termo de
Ajustamento de Conduta) assinado pelo Governador Simão Jatene ainda antes da
gestão da Ana Júlia. O Jatene já está há três gestões e não cumpre o TAC”.
(Diário do Pará)
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