Messi se cansou de ser crucificado. “A Seleção Argentina acabou para mim.” Abalado pelas críticas por perder quatro finais, o melhor do mundo desiste de defender seu país. Prefere jogar só no Barcelona. Neymar pode tomar o mesmo caminho…
Foram três passos que chocaram o mundo.
Pouca distância da bola para garantir que ela não subisse demais. Deu os passos
sabendo que no gol estava Bravo, seu companheiro de Barcelona. Mas goleiro e
capitão do Chile. Sabia de sua preferência pelo canto direito. Resolveu mudar,
cobrar no esquerdo, alto.
Mas
o nervosismo contagiou o cinco vezes melhor do mundo. O peso de ter 28 títulos
na carreira. Todos pelo Barcelona. Com a Argentina só com a Olimpíada. Mas
enfrentando jogadores até 23 anos. Como profissional, nenhum. Até a decisão da
Copa América Centenário, havia perdido três finais: a Copa América de 2007 para
o Brasil, a Copa do Mundo de 2014 para a Alemanha. E a Copa América de 2015
para o mesmo Chile.
Se
fosse autista como garantem muitos, e vivesse no seu mundo paralelo, não se
deixaria afetar pelos nervos. Pela responsabilidade de dar uma conquista à
Argentina depois de 23 anos. Ter virado o símbolo do jejum de um país. Toda
hora submetido à comparação com Maradona.
Acabou
vencido pela pressão, pela cobrança de 43 milhões de compatriotas,
representados por cerca de 50 mil que não paravam de cantar no MetLife Stadium,
em Nova Jersey.
Os
três passos não impediram que o chute fosse forte demais, alto, descontrolado.
Enquanto Bravo se esticava no canto direito, a bola subia, por cima do
travessão, do lado esquerdo do gol.
Imediatamente
Lionel Andrés Messi puxou a camisa com raiva, nervoso. Colocou as mãos no
rosto. Era apenas a primeira cobrança da decisão de pênaltis, mas tinha a
certeira premonição. Se a Argentina perdesse mais esse título, o quarto dele
nas finais, seu mundo cairia.
Ao
final, das cobranças, 4 a 2 para o Chile. Bicampeão da América. A Argentina
pela segunda vez seguida, vice campeã do continente.
Portais,
jornais e tevês de todo mundo estampam as lágrimas de Messi. Elas resumiam sua tristeza,
sua agonia, sua frustração. Os 28 títulos que conquistou com o Barcelona
perderam o significado. Assim como as cinco Bolas de Ouro, como melhor melhor
do mundo, perderam o sentido.
Assim
como fez nas outras três finais que perdeu, tratou de tirar a medalha de vice
do peito. Ele queria e precisava mais do que todos os jogadores envolvidos na
decisão da Copa América Centenário.
Messi
escolheu não jogar a Olimpíada do Brasil.
Só
para dar ganhar o torneio nos Estados Unidos com a Argentina.
Era
a obrigação que se impôs.
Com
a derrota, veio o choro de quem tinha certeza. Hoje ninguém comentaria com a
mesma ênfase do gol perdido por Higuain aos 20 minutos do primeiro tempo, cara
a cara, sozinho com Bravo. Chutou para fora como já havia feito na decisão da
Copa do Mundo contra a Alemanha, e também contra o mesmo Chile, no ano passado.
Ele
também sabia. Quem se lembra que Biglia também desperdiçou sua cobrança,
facilitando a defesa de Bravo? Ninguém. Absolutamente ninguém.
A
seleção argentina vive um jejum de 23 anos. Neste período, foram sete
vice-campeonatos. Messi acumula quatro: três na Copa América (2007, 2015 e
2016) e uma na Copa do Mundo de 2014, contra Alemanha.
É de
Messi, o melhor do mundo por cinco vezes, que todos cobrariam.
Por
isso, a decisão chocante.
Chega
de tanto sofrimento!
Chega
de Seleção Argentina para Lionel!
"Esse
ambiente não é para mim", desabafou.
Ele fez uma Copa América excelente.
Chegou nos Estados Unidos com fissura na costela. Se recuperou. Estava focado
para ser campeão. Não quis cortar a barba. Treinou forte, nem parecia que
estava em final de temporada. Fazia questão de mostrar sua importância na
história do futebol argentino na Seleção.
Calar
a boca de quem diz que ele só é Lionel Messi no Barcelona por ter excelentes
companheiros em todas as posições. É um excepcional jogador e que mesmo tendo
companheiros medianos, iria se superar desta vez.
Com
o Brasil implodido, Uruguai envelhecido, o adversário seria o melhor time da
América do Sul. O de melhor conjunto. Time de grande intensidade, de
recomposição, preenchimento dos espaços, triangulações. Um pedado do grande
futebol europeu nas Cordilheiras dos Andes: o Chile.
O
jogo foi muito disputado. Duas expulsões, discussões. Diaz e Rojo. Héber
Roberto Lopes teve uma arbitragem confusa. Muita conversa, sorrisos, tapa na
cabeça dos jogadores. Desagradou os dois lados. Ao final dos 90 minutos 0 a 0.
E mais 30 minutos de prorrogação tensa, medrosa. Até que veio a cruel decisão
por pênaltis.
A
análise do jogo feita por alguém neutro. E muito preocupado. Tite.
"As
duas euqipes estavam no 4-1-4-1, com dois jogadores abertos pelo lado, com um
pivô na frente. Com três centrais e dois de lado. Nesse aspecto tático, não
houve uma diferença muito grande. Com as expulsões, outras situações
aconteceram. Teve um jogador extraordinário, o Messi, em uma jogada individual
decide. Mas a marcação do Chile foi muito boa."
Messi
realmente acabou encaixotado pela marcação de Juan Antonio Pizzi. O treinador
argentino que comanda o Chile foi inteligente. E repetiu o que tão bem havia
feito seu compatriota Jorge Sampaoli, na conquista chilena na Copa América de
2015. Vidal ficava apenas mais perto. Mas a marcação de Messi era setorizada.
Onde ele caísse, não escaparia da superlotação de chilenos nas intermediárias.
E assim foi.
O
camisa 10 argentino outra vez urrou de solidão. Desde menino ele está
acostumado a ter a companhia de grandes jogadores no Barcelona. A atual safra
de compatriotas é limitada. Insuficiente para se impor contra adversários muito
bem montados. Como o Chile, melhor equipe da América do Sul.
Com
a derrota nos pênaltis, a frustração explodiu. Os fracassos que se arrastam
desde 2006, quando foi mero reserva na Alemanha. À sequência: Copa América
2007, Copa do Mundo de 2010, Copas América de 2011, 2015 e a de 2016. A
cobrança do povo argentino.
A
raiva sempre veio na direção de Messi. Os rótulos, fortes a cada fracasso do
time. Pipoqueiro, desinteressado, fracassado. Por isso ele não suportou mais a
derrota de ontem nos Estados Unidos.
Veio
a declaração chocante nesta madrugada.
"Para
mim acabou a Seleção Argentina. É para o bem de todos. De mim e de todos."
Os
portais do mundo todo estampam a decisão.
"É
incrível, mas não dá. Não passamos outra vez nos pênaltis. É a terceira final
seguida. Nós buscamos, tentamos. É difícil, o momento é duro para qualquer
análise. No vestiário pensei que acabou para mim a seleção, não é para mim. É o
que sinto agora, é uma tristeza grande que volto a sentir.
"Foram
quatro finais, infelizmente não consegui. Era o que mais desejava. É para o bem
de todos. Por mim e por todos. Muitos desejam isso. Não se conformam com chegar
a final, nós também não nos conformamos. Perdemos outra vez nos pênaltis.
Acabou para mim a Seleção."
Messi
tem 29 anos. A Copa do Mundo é daqui a dois anos.
Os
argentinos que o criticavam estão apavorados.
Conseguiram
fazer com que o melhor do mundo desistisse da Seleção.
Não
quer mais sofrer e fazer sofrer sua família, seus amigos.
Cansou
de ser o 'fracassado'.
E
quer seguir ganhando títulos pelo Barcelona.
A
derrota na final da Copa Centenário parece ser bem maior.
Ver
o bicampeonato chileno é o de menos.
É
inconcebível a Argentina perder Lionel Messi.
Ele
cansou de ser o bode expiatório das derrotas uma geração mediana.
Se
seus compatriotas preferiam ter saudade de Maradona a apoiá-lo.
Podem
se contentar.
Lionel
Messi se cansou.
Não
quer mais sofrer pela Argentina.
Escolhe
o Barcelona, onde realmente é feliz.
Tite
que abra o olho.
Este
pode ser o caminho de Neymar.
É
evidente.
Ele
detesta ser cobrado pelas derrotas da Seleção.
Se
sente muito mais feliz e protegido no Barcelona.
No
Brasil não há parceiros com seu potencial.
Por
ser o melhor é o mais pressionado nos fracassos.
O
que leva como ofensa por ser mimado, egocêntrico, milionário.
Tem cada vez menos prazer ao vestir a
camisa verde e amarela...
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