Presidente afastada diz que o Senado vai cometer um ‘rotundo golpe’ se
condenar uma inocente
A
presidente afastada Dilma Rousseff disse ao senador Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP) – antigo colega de luta contra a ditadura – que o Senado estará
cometendo um “rotundo golpe” ao condenar uma “inocente”, sem crime de
responsabilidade. Dilma indicou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal
caso seja aprovado o impeachment.
—
Se me julgarem sem crime de responsabilidade, é golpe, é um rotundo golpe, um
golpe integral. Não recorro ao STF agora porque não esgotei essa instância. Vim
aqui porque respeito a essa instituição. Essa instituição não está compactuando
com o golpe hoje, mas, no momento em que proferir a sentença. Não cometam o
crime de condenar uma inocente — disse Dilma, acrescentando que se deve
respeitar as regras:
—
Ou, do contrário, instaura-se o Deus nos acuda!
Dilma
fez a resposta mais política e comentou a questão da ditadura militar, lembrada
por Aloysio em sua pergunta.
—
Você tem a árvore da democracia, você corta com machado (com uma ditadura). Mas
agora é como se colocasse um parasita. Me condenem que esse golpe é
irreversível! — disse a petista.
Aloysio
lembrou a Dilma que também lutou contra o regime militar de 1964.
—
A senhora se diz vítima de um golpe. E vivemos o golpe de 64. A senhora falseia
a história sobre o processo que estamos vivendo. Esse processo visa ao
cumprimento da soberania da lei e não o contrário. O país vive hoje um clima de
paz e tranquilidade. Ninguém prega a violência — disse o tucano.
GOLPE
CITADO NO DISCURSO
Mais
cedo, durante seu discurso de defesa, Dilma afirmou em seu
discurso ao Senado que o processo contra ela é um golpe de estado. A
petista falou durante 45 minutos para um plenário cheio e que ficou em silêncio
por quase todo o tempo. Ao final, foi aplaudida por aliados que gritaram “Dilma
guerreira, do povo brasileiro”.
Dilma
citou tentativas de golpe contra os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino
Kubitscheck e João Goulart, comparando ao momento atual, mas não falou no
processo de impeachment de Fernando Collor de Mello.
—
Hoje, mais uma vez, ao serem contrariados e feridos nas urnas os interesses de
uma elite, vivemos uma tentativa de ruptura democrática – declarou.
Dilma
afirmou que as acusações de crime de responsabilidade são “pretextos”. Destacou
o papel do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de ter dado início
ao processo e protestou contra o fato de ser julgada antes que a Casa decidisse
sobre a cassação do peemedebista. Reclamou que o seu governo foi
desestabilizado politicamente, o que teria ampliado a crise econômica.
Fonte:
O Globo
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