Evento foi realizado pelo HRBA, em parceria com
acadêmicos de Medicina da UEPA
Durante
quatro dias, profissionais de diversas áreas da saúde estiveram presentes no II
Congresso de Oncologia do Oeste do Pará para falar sobre os desafios do
tratamento oncológico no interior da Amazônia. O evento foi realizado pelo
Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em parceria com acadêmicos de
Medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa), de 25 a 28/10.
O
coordenador do setor de Oncologia do HRBA, cirurgião Marcos Fortes, diz que
esta área da medicina tem muitas peculiaridades na Amazônia, o que se torna um
grande desafio. “É só conhecendo bem tudo o que se faz no mundo que teremos
como aplicar aqui na Amazônia. É preciso fazer as coisas certas para que as
pessoas daqui tenham o melhor atendimento. É dar à Amazônia o direito de ter
atendimento adequado de alta complexidade, mesmo com nossas dificuldades”.
Fortes foi um dos palestrantes do evento, levando o tema: “Neoplasia de ovário
– tratamento com quimioterapia intraperitoneal Hipertérmica”.
Autoridades presentes durante realização do Congresso
Para
o cirurgião do Hospital Albert Einstein, Ricardo Sales, um evento deste porte
serve para que os profissionais da região tenham conhecimento sobre as melhores
práticas executadas no mundo, no campo da oncologia. “Certamente no ambiente amazônico
isso é dificultado, pelas características locais. Este tipo de evento coloca em
perspectiva um acesso que existe de forma um pouco maior no Sul e Sudeste e
consegue mostrar para os profissionais de saúde daqui o que é o Norte a se
perseguir”. Sales também falou sobre a região ter um hospital de ponta para o
tratamento oncológico. “O Hospital Regional foi classificado com um dos
melhores hospitais públicos, então, aqui, certamente, vai ter exemplos que
podem ser repassados, até porque as dificuldades geram oportunidades”, conta o
médico, que palestrou sobre “Neoplasia de pulmão”.
Outro
grande nome presente no evento foi o oncologista Antônio Magoulas Perdicaris,
que trabalhou o tema “Prevenção do câncer”. Autor de livros na área, Perdicaris
afirma que é por meio da conscientização que as mudanças acontecem. “A
prevenção primária, que é a prevenção baseada principalmente nos processos
educacionais, é extremamente importante, porque leva você a transformar
informação em conhecimento e, mais adiante, em atitudes e comportamentos. E
isso vai fazer com que você comece a pensar em sua própria saúde e na saúde do
próximo e, também, na preservação da natureza”.
Para
o pesquisador, a prevenção primária ainda é a melhor maneira de combater o
câncer, e outras doenças. “É só a partir do momento em que todo mundo se
conscientiza formalmente e afetivamente que se pode fazer alguma coisa a mais,
tanto para o planeta, como para outras pessoas, mas partindo principalmente do
seu autoconhecimento”, explica.
Os
desafios e perspectivas do tratamento de câncer no Oeste do Pará foram expostos
pelo diretor Geral do HRBA, Hebert Moreschi, ao público presente. Ele destacou
as conquistas alcançadas na área da Oncologia, ainda recente na região. O
serviço foi implantado em 2008, em Santarém. Para Moreschi, O Hospital Regional
tem dupla missão no desenvolvimento da Amazônia. “A primeira é desenvolver a
assistência de média e alta complexidades, levando isso para as populações de
todo o entorno de Santarém e região no Oeste do Pará. A segunda missão é formar
profissionais. Nós ainda temos uma carência muito grande, o que acaba gerando
uma sobrecarga no atendimento de saúde no Hospital Municipal e no Hospital
Regional de Santarém”, afirma.
Dados
Atualmente,
o HRBA tem 1.340 pacientes em tratamento oncológico, sendo que 711 são do sexo
feminino e 629 do masculino. Os tipos mais comuns de câncer entre as mulheres
em tratamento são: colo de útero (35%), mama (26%) e pele (14%). Em homens, os
mais comuns são: próstata (28%), pele (25%) e estômago (15%). Em 2015, 220
pessoas iniciaram o tratamento no Hospital Regional, sendo que 21% destes são
por conta de câncer de mama e 13% de colo de útero.
Os
avanços são expressivos no setor de Oncologia. O serviço de quimioterapia foi
inaugurado em 2008, realizando, no ano seguinte, 2.730 sessões. Em 2015, o
total de sessões foi de quase 7.900. Em 2010, o Parque Radioterápico do HRBA
(conjunto de equipamentos e serviços médico-hospitalares exclusivos para
terapia do câncer) começou a funcionar. No ano seguinte, quase 12 mil sessões
de radioterapia foram realizadas. Em quatro anos, esse número aumentou em mais
de 15 mil, o que representa um crescimento de 127%. Em 2015, 27.125 sessões
foram realizadas.
As
consultas oncológicas superaram a meta estipulada para 2015. Mais de 12.400
foram realizadas. Em comparação a 2011, o aumento foi de 136% (7.146 consultas
a mais).
Hospital
O
HRBA é uma unidade de saúde pública e gratuita pertencente ao Governo do Pará,
administrado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e
Hospitalar sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública
(Sespa). A unidade atende casos de média e alta complexidades e presta serviço
100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência no Norte do Brasil quando
o assunto é tratamento de câncer. A instituição atende a uma população estimada
em mais de 1,1 milhão de pessoas residentes em 20 municípios do oeste do Pará.
Fonte: RG 15/O Impacto e Joab Ferreira
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