O embaixador russo em
Ancara, Andrei Karlov, morreu após ser baleado por um atirador em uma galeria
de arte na capital turca nesta segunda-feira (19).
A chancelaria de Moscou
confirmou o incidente. Segundo a mídia turca, o atirador feriu outras três
pessoas além do diplomata antes de ser morto pela polícia no local. Segundo
autoridades turcas, o atirador entrou na galeria alegando ser policial.
Até agora, nenhuma
organização assumiu a autoria do atentado.
Um fotógrafo da agência de
notícias Associated Press que testemunhou o incidente disse que Karlov, 62,
fazia um discurso quando um homem usando terno e gravata gritou “Allahu Akbar”
(“Deus é maior”, em árabe) e disparou oito tiros.
Algumas testemunhas do
ataque disseram que o atirador gritou “Aleppo”, mas a informação não foi
confirmada pelas autoridades. A Rússia deu apoio ao regime da Síria em sua
campanha para expulsar rebeldes armados da cidade de Aleppo.
A RIA, agência de notícias
estatal russa, informou que a segurança ao redor da Embaixada da Rússia em
Ancara foi reforçada após o incidente.
A Organização das Nações
Unidas condenou o ataque.
Karlov tinha 62 anos e era
diplomata de carreira. Desde 2013, ele ocupava o cargo de embaixador na Turquia
e, nas últimas semanas, participou das negociações
com a Turquia que levaram à retirada de civis e rebeldes das
áreas cercadas pelo regime sírio em Aleppo.
ATRITOS
A morte do embaixador pode
agravar os delicados laços diplomáticos entre Rússia e Turquia. Os países
haviam se reaproximado, após um período de estranhamento, mas ainda defendem
posições opostas no conflito sírio.
No contexto da guerra
civil na Síria, a Rússia apoia o regime de Bashar al-Assad, enquanto a Turquia
apoia rebeldes que tentam derrubar o ditador desde março de 2011.
A fronteira entre a
Turquia e a Síria foi especialmente importante para a passagem de militantes
armados, durante os últimos anos, como os membros da organização terrorista
Estado Islâmico.
O atrito entre os países
teve seu ápice em 2015, quando a Turquia
abateu um jato russo, acusando o país de ter violado seu espaço
aéreo. Moscou negou a invasão.
A morte do embaixador
ocorre, ademais, na véspera de uma reunião entre os chanceleres da Rússia, do
Irã e da Turquia em Moscou para discutir a situação síria.
Nos últimos meses, os dois
países vêm buscando normalizar suas relações. Em outubro, eles firmaram um
acordo que prevê a cooperação na construção de um gasoduto submarino.
Fonte: Folha de São Paulo
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