Dárcy Vera é suspeita de receber ao menos R$ 5 milhões em propina |
A prefeita de Ribeirão Preto (313 km de São
Paulo), Dárcy Vera
(PSD), foi presa na manhã desta sexta-feira (2) em sua casa, na zona
sul da cidade, pela PF (Polícia Federal) na Operação Mamãe Noel, segunda fase
da Operação
Sevandija, que investiga um esquema de corrupção que desviou ao
menos R$ 203 milhões dos cofres públicos, segundo as investigações. A prefeita
é suspeita de receber ao menos R$ 5 milhões em propina do esquema, segundo a
PF.
Também foram presos Sandro
Rovani e Maria Zuely Alves Librandi, ex-advogados do Sindicato dos Servidores
Municipais, e o ex-secretário da Casa Civil Marco Antônio dos Santos,
considerado um dos cabeças do esquema, ainda conforme a PF.
Os quatro foram levados à
sede da PF, mas Dárcy deve ser transferida ainda hoje para São Paulo, já que o
processo contra ela corre no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) por ela
ter foro privilegiado. Ela foi reeleita em 2012 e seu atual mandato termina
este ano.
Segundo a PF, são apurados
crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, uso de
documento falso, corrupção passiva e ativa.
"Os fatos apurados
baseiam-se em provas obtidas por meio da análise e investigações realizadas nos
materiais apreendidos e depoimentos colhidos após a deflagração da primeira
fase da Operação Sevandija", diz a PF em nota.
Prefeita
tem movimentação financeira incompatível com renda
A prisão foi pedida pela
Procuradoria Geral do Estado, que requereu, também, a decretação da indisponibilidade
dos bens da prefeita, o que foi aceito pela Justiça.
Segundo a Procuradoria, há
planilhas e apontamentos de combinação para o pagamento de propinas ligando a
prefeita ao esquema. Os documentos foram obtidos após delações premiadas.
"Informações bancárias,
após quebra de sigilo fiscal, indicaram que a prefeita apresentou movimentação
financeira incompatível com rendimentos brutos declarados, no período de 2010 a
2015, o que pode configurar ocultação de suas fontes de recursos", disse o
MP em nota.
A reportagem procurou o
advogado Luiz Bento, responsável pela defesa de Zuely, mas ele não foi
encontrado, em seu escritório e através do seu celular, para comentar o caso.
A reportagem também ligou
nos celulares de Claudia Seixas, que defende Dárcy Vera, e Heráclito Mossin,
advogado de Rovani, mas nenhum deles atendeu às ligações ou retornou o contato.
Já Flaviano de Oliveira Santos, que defende Marco Antonio, não foi localizado.
O esquema
Segundo as investigações,
a propina paga a Dárcy Vera era parte de um esquema de corrupção armado entre
os quatro envolvidos para que a prefeitura aceitasse pagar um acordo coletivo
de reposição de perdas salarias aos servidores públicos que geraria um
pagamento de honorários advocatícios na ordem de R$ 68 milhões a Zuely, que era
a autora da ação em nome do Sindicato dos Servidores.
Parte desse dinheiro foi
repassado por ela à prefeita Dárcy Vera, a Marco Antonio e a Rovani, de acordo
as investigações.
O Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado), instituição ligada ao MP (Ministério
Público), apura ainda a participação de outras pessoas.
Ainda segundo o MP, o
acordo só foi celebrado depois que os quatro decidiram a divisão do dinheiro e
o pagamento das propinas.
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