Soldados do Exército
patrulham ruas de Vitória em razão da falta de policiais militares nas ruas
(Gilson Borba/Futura Press/Folhapress)
Enfrentando um caos na
segurança pública desde sábado por causa da ausência de
policiais militares nas ruas, a região metropolitana de Vitória (ES) pode ver a
situação se agravar na próxima quinta-feira, quando os policiais civis fazem
assembleia para definir se entram em greve por melhores salários. A insegurança
no estado fez o governo pedir ajuda ao presidente Michel Temer, que destinou mil
militares das Forças Armadas e outros 200 da Força Nacional para
patrulhar as ruas.
“Nosso salário é um dos
mais baixos do Brasil. Nos últimos anos, não houve recomposição por causa da
inflação”, afirma Humberto Mileip, vice-presidente do Sindicato dos Policiais
Civis (Sindipol). O governo afirma nem ter conhecimento da possibilidade
de paralisação. O chefe da Polícia Civil no estado, Guilherme Daré, afirmou que
os delegados dão apoio “incondicional” ao governo e que a corporação se empenha
para apurar as causas dos homicídios e crimes contra o patrimônio.” Desde
sábado, mais de 200 lojas foram saqueadas e o número de assaltos e
homicídios disparou. A volta às aulas, prevista para segunda-feira, foi adiada.
Várias repartições públicas estão restringindo atendimento.
Em nota, o sindicato dos
policiais civis se solidarizou com os militares e orientou filiados sobre como
procederem durante a paralisação. “Diante do justo, legítimo e necessário
movimento realizado pelos familiares dos policiais militares do Estado do
Espírito Santo, que provocou o aquartelamento, o Sindipol-ES alerta os
policiais civis e toda sociedade que a estrutura da segurança pública do
estado está comprometida. Por isso, o sindicato pede que os policiais civis não
arrisquem suas vidas e aceitem desvios de função”, afirma a entidade.
O texto diz ainda que o
sindicato “entende que os policiais civis que desempenham suas atribuições de
polícia judiciária e nas ruas também dependem dos profissionais da co-irmã
Polícia Militar para realizar um trabalho digno e com segurança para si e para
a sociedade. Desta maneira, alertamos para que os policiais civis não coloquem
suas vidas em risco”.
Greve branca
O caos começou a se
instaurar, principalmente na região metropolitana de Vitória, no sábado, quando
parentes de policiais militares começaram a protestar em frente aos
batalhões impedindo a saída dos veículos, o que praticamente deixou as
ruas sem policiamento. Os PMs, que são proibidos por lei de fazer greve, reivindicam
reajuste salarial e pagamento de auxílio-alimentação,
auxílio-periculosidade, insalubridade e adicional noturno aos PMS.
A Justiça do Espírito
Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos policiais
militares, que estão acampados em frente a 11 batalhões em mais de 30 cidades
do estado. Eles reivindicam reajuste salarial e melhores condições de trabalho
da categoria. A Força Nacional foi acionada
para ajudar na segurança dos municípios.
No documento em que
declara a ilegalidade do movimento, o desembargador Robson Luiz
Albanez afirma que a proibição de saída dos policiais militares caracteriza uma
tentativa de greve por parte deles. Uma multa de 100.000 reais foi fixada às
associações que representa os policiais capixabas, caso haja descumprimento da
decisão.
“O aquartelamento dos
militares corresponde a uma ‘greve branca’, uma vez que representa a
tentativa de busca de melhores condições salariais, daí a ilegalidade do
movimento, haja vista a vedação expressa do exercício do direito de greve aos
militares”, enfatizou a autoridade. “Sendo assim, tenho como ilegal a deflagração
do movimento grevista velado pelos militares.”
Segundo o diretor social e
de relações públicas da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar
(ACS), Thiago Bicalho, o movimento foi espontâneo. De acordo com a
entidade, o salário-base de um policial no estado é 2 600 reais, enquanto a
média nacional chega a 4 000 reais. A entidade argumenta que há anos os
policiais não têm aumento salarial e que essa situação acabou por motivar
familiares dos policiais a fazerem as manifestações em frente aos quartéis.
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