O presidente da Assembleia
Legislativa do Estado do Pará, Márcio Miranda (DEM), aliado de primeira hora do
governador Simão Jatene (PSDB), transformou o parlamento estadual – mais
especificamente seu gabinete, comissões e diretorias da casa – num verdadeiro
cabide de empregos onde estão pendurados cabos eleitorais, ex-deputados da casa
e ex-prefeitos do interior.
Tudo pago com recursos
públicos, com o dinheiro do contribuinte: são mais de R$ 5,4 milhões por ano
apenas para pagamento de comissionados. No fim dos seus seis anos na
presidência da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda terá gastado R$ 32,6
milhões com DAS.
São dezenas de
comissionados que formam um verdadeiro exército de cabos eleitorais a serviço
do presidente da casa e que serão muito úteis no ano eleitoral que se avizinha,
já que Miranda anda de mãos dadas com o governador, visitando vários
municípios, trabalhando com vistas às eleições gerais de 2018.
De acordo com levantamento
feito pelo DIÁRIO no Portal da Transparência
(www.transparecia.alepa.pa.gov.br), em junho, 64 comissionados (DAS) estavam
lotados na presidência do Poder Legislativo, com salários que vão de R$
2.507,54 (agentes parlamentares de serviço externo) até R$ 18.071,56 (chefe de
gabinete da presidência), totalizando mais de R$ 291 mil mensais em salários.
Cargos comissionados são
trocados por apoio político
O deputado estadual Marcio
Miranda também emprega outras 54 pessoas em seu gabinete. Os assessores têm
salários menores, que vão de um salário mínimo (R$ 937,00) até R$ 9.621,84
(assessor especial de gabinete), totalizando mais de R$ 126 mil por mês. Ou seja,
Márcio Miranda gasta mensalmente, somando as sinecuras de seu gabinete e da
presidência da casa, cerca de 418 mil, ou R$ 5,4 milhões anualmente, para
remunerar seus mais de 100 assessores.
De acordo com postagem do Blog do
Jeso, datada do último dia 15, apenas do oeste do Pará são cinco os
ex-prefeitos lotados no cabide do parlamento ganhando entre R$ 1,2 mil a R$ 4,1
mil. Uns estão lotados na presidência da casa; outros em gabinetes de deputados
da base de sustentação do governo. Segundo o blogueiro Jeso Carneiro, que
assina o blog, todos os ex-prefeitos “estão na Alepa por troca de favores. Quem
os indicou está interessado, principalmente, em votos”, argumenta.
São eles: Marcílio
Picanço, de Terra Santa (R$ 4.164,26); Adalberto Viana da Silva, de Aveiro (R$
1.270,10); Joaquim Vieira Nunes, de Prainha (R$ 1.983,96); Eliene Nunes, de
Itaituba (R$ 2.356,95); e Marquinho Dolzane, de Juruti (R$ 4.244,34).
PARA ENTENDER
– Os R$ 5,4 milhões gastos
anualmente com o pagamento de DAS no gabinete de Márcio Miranda e na
presidência da AL dariam para comprar 34 ambulâncias para serem distribuídas
para 34 municípios paraenses.
– Se levarmos em conta os
6 anos de mandato do presidente na casa, os R$ 32,6 milhões que serão gastos
com comissionados no período são suficientes para comprar 204 ambulâncias.
Daria para distribuir uma para cada unidade médica para todos os 144 municípios
paraenses e ainda sobrariam 60 veículos.
MUNICÍPIOS RECEBEM MENOS
DO QUE “DAS”
Os R$ 5,4 milhões que
Márcio Miranda gasta anualmente com assessores é mais do que o Governo do
Estado investiu em 105 municípios paraenses em todo o ano de 2016, de acordo
com o Plano Plurianual do governo. Ou seja: apenas 39 municípios receberam em
investimento do Estado mais do que o presidente da Assembleia Legislativa gasta
com assessores comissionados no seu gabinete e na presidência do Legislativo
estadual em um ano.
Fonte: Mauro Neto/DOL
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