Aliados do presidente falam
em aumento de placar pró-Temer no PSDB
Após a maioria do Senado
decidir que Aécio Neves poderá retomar o mandato, contrariando decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF), interlocutores do Palácio do Planalto avaliaram
que a vitória do tucano dará força ao presidente Michel Temer no plenário da
Câmara, onde enfrentará a denúncia por obstrução de Justiça e organização
criminosa. Segundo essas avaliações, o placar pró-Aécio mostra que a ala do
PSDB que ele controla ainda é forte, e que o apoio do PMDB para que o senador
voltasse ao mandato, muito evidente nos discursos feitos no Senado, "será
retribuído".
Aliados de Temer acreditam
até mesmo que aumentará o número de apoios a Temer na bancada do PSDB da
Câmara. Na votação da primeira denúncia, o partido ficou dividido, e um gesto
incomodou o Planalto, quando o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB e
aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, orientou a bancada a votar
contra o presidente.
Agora, governistas avaliam
que Alckmin "tirou a digital" do processo e que isso também vai favorecer
Temer no plenário. A postura de Tripoli também deverá ser a de liberar a
bancada, o que pode ajudar o presidente.
— Essa vitória repercute
na votação da denúncia, porque mostra que o PSDB que o Aécio comanda ainda tem
muita força, até mais do que imaginavam, porque falavam que no voto aberto ele
perderia. A tendência é que isso aumente o número de votos de tucanos a favor
de Temer, até porque o Alckmin tirou a digital do processo — afirmou um
assessor do presidente.
A expectativa é que a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara encerre a votação do parecer
da denúncia até esta quarta-feira, e que o relatório seja votado no plenário da
Casa na semana que vem.
DENUNCIADO POR CORRUPÇÃO
Em junho, Aécio Neves foi
denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, revelados pela delação
dos donos e executivos da JBS. O senador tucano foi gravado pelo empresário
Joesley Batista, dono da JBS, pedindo R$ 2 milhões, alegando que seria usado em
sua defesa na Lava-Jato.
Dias depois, a Polícia
Federal flagrou Frederico Pacheco, primo do senador, recebendo R$ 500 mil de um
dos executivos da empresa. Frederico chegou a ser preso, junto com a irmã de
Aécio, Andrea Neves, na Operação Patmos.
Segundo a
Procuradoria-Geral da República, o pagamento foi feito em espécie, em quatro
parcelas de R$ 500 mil cada, entre 5 de abril e 3 de maio, por meio de
Frederico e Mendherson Souza Lima, assessor parlamentar do senador Zezé
Perrella (PMDB-MG)
De acordo com a denúncia,
Aécio também tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, na
medida em que empreendeu esforços para interferir na distribuição dos
inquéritos da investigação no Departamento de Policia Federal, pressionou para
a substituição de Osmar Serraglio por Torquato Jardim no Ministério da Justiça
e articulou a anistia do crime de caixa dois, que acabou não sendo aprovado, e
a aprovação de projeto que trata do abuso de autoridade, como forma de
constranger Judiciário e Ministério Público.
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