Ex-presidente
será julgado pelo TRF4 pelo caso do triplex no Guarujá. Lula já foi condenado
Ex-presidente deu
entrevistas para jornais internacionais
A menos de uma semana de
ser julgado por três desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª
Região), em Porto Alegre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
afirmou a jornalistas estrangeiros que uma eventual impugnação de sua candidatura
à Presidência da República, consequência provável de uma condenação, seria uma
"fraude".
Além disso, o petista
declarou que vai continuar "brigando" até o final para concorrer no
pleito de outubro.
"Na minha vida eu não
conheço a palavra desistir e não faço uso dela", disse Lula nesta
quinta-feira, 18, a representantes dos jornais El País, The New York Times, The
Guardian, La Nación, Die Zeit e Liberátion.
A entrevista está
estampada na capa do jornal El País, da Espanha, desta sexta-feira (19).
"Se o Lula for proibido de ser candidato por uma decisão política do
judiciário, obviamente está se montando uma fraude", disse o
ex-presidente, referindo-se a ele próprio.
Em discurso na capital
paulista após ter dado a entrevista, Lula reforçou o discurso. "Quero que
o PT me indique à Presidência. Se não for como candidato, serei como cabo
eleitoral. Se o PT quiser, estarei como candidato à Presidência, aconteça o que
acontecer", disse.
'Inocente'
Na conversa com os
jornalistas estrangeiros, feita na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o
petista voltou a se declarar inocente da condenação do juiz Sérgio Moro, em
primeira instância na Operação Lava Jato, após ter sido acusado de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). "A
aceitação (da denúncia) tal como ela foi me faz supor que estamos diante de um
processo mais político do que jurídico."
"Eu não posso julgar
o que vai decidir o tribunal porque eu não conheço nenhum juiz. A única coisa
que eu espero é que eles tenham lido o processo e com base nisso eles decidam
respeitando o Código Penal e a Constituição", disse Lula sobre o
julgamento do dia 24.
Lula declarou que vai
continuar na corrida presidencial mesmo com a sentença desfavorável na próxima
semana, usando os recursos disponíveis nos processos. "Vou continuar
lutando porque eu quero viver até os 120 anos... para estar forte, para estar
bem de saúde, para estar de bom humor... O dia 24 para mim não é o dia D, é o
dia 24, é um julgamento. Eu tenho mais nove ou dez processos."
Alianças
Na entrevista, o
ex-presidente admitiu que o PT poderá fazer, nas eleições deste ano, alianças
com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff,
estratégia rechaçada por setores mais radicais da legenda.
"Nós tentamos fazer
as alianças políticas com partidos que não votaram no impeachment. Mas o
partido também saberá se curvar em função da realidade regional",
reconheceu, citando a aliança do PT com o PMDB em Minas Gerais, governada pelo
petista Fernando Pimentel. "Não é questão de princípio, é de conjuntura
política. Vamos construir, caso a caso, uma aliança política, porque não
queremos apenas ganhar, queremos governar", afirmou.
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