Ministro é investigado sobre propina de R$58
milhões pagas pela J&F
Agentes da Polícia Federal
foram às ruas nesta quarta-feira em São Paulo e no Rio Grande do Norte para
cumprir 8 mandados de busca e apreensão em investigação contra o ministro da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, por suspeita de
recebimento de 58 milhões de reais em propina paga pela holding J&F entre
2010 e 2016.
De acordo com a
Procuradoria-Geral da República (PGR), os delatores da J&F Wesley Batista e
Ricardo Saud relataram que Kassab recebeu pagamentos mensais de 350 mil reais
da empresa controladora da JBS entre 2010 e 2016 para colocar sua influência a
favor do grupo, totalizando 30 milhões de reais.
Outros 28 milhões de reais
foram pagos ao Diretório Nacional do PSD, na época presidido por Kassab, para
garantir o apoio da legenda ao PT na eleição nacional de 2014, acrescentou a
PGR.
"Segundo um dos
colaboradores, todos os valores repassados eram provenientes de uma espécie de
conta-corrente de vantagem indevida vinculada ao PT, que teria autorizado os
pagamentos", disse a PGR em comunicado.
"Neste caso, o
repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros
artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da
entrega de dinheiro em espécie".
Os mandados de busca e
apreensão foram determinados pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Alexandre de Moraes, a pedido da procuradora-geral da
República, Raquel Dodge.
Um carro da PF estacionou
no início da manhã em frente ao prédio de Kassab em São Paulo para cumprir um
dos mandados, de acordo com imagens da GloboNews.
O ministro disse, por meio
de nota de sua assessoria, que está à disposição das autoridades para prestar
esclarecimentos, e que todos os seus atos seguiram a legislação.
"O ministro confia na
Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, sabe que as pessoas
que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do
Judiciário, reforça que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos
que se façam necessários, ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação
e foram pautados pelo interesse público", afirmou.
Kassab, que é presidente
licenciado do PSD, foi prefeito de São Paulo de 2006 a 2013. Ele também atuou
como ministro das Cidades durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff
(PT), antes de assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
do governo Michel Temer (MDB).
O ministro já foi
anunciado como futuro chefe da Casa Civil do governador eleito de São Paulo,
João Doria (PSDB).
Segundo a Polícia Federal,
parte dos recursos pagos de forma irregular teria sido encaminhada para a
campanha de um candidato ao Governo do Rio Grande do Norte e a um deputado
federal, ambos eleitos. O governador do RN eleito em 2014 foi Robinson Faria, do
PSD, que deixará o cargo no final deste ano.
"Suspeita-se que os
valores eram recebidos por empresas, através da simulação de serviços que não
foram efetivamente prestados e para os quais foram emitidas notas fiscais
falsas", disse a PF, acrescentando que são investigados os crimes de
corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral.
Procurada, a J&F disse
que não vai comentar a nova operação da PF.
O PT não respondeu de
imediato a um pedido de comentário.
Não foi possível fazer
contato com representantes de Robinson Faria.
Comentários