Italiano
chegou a conseguir refúgio no Brasil e depois teve a extradição autorizada, mas
fugiu para a Bolívia. Preso no último sábado (12), Battisti irá cumprir pena
por 4 assassinatos no seu país.
Por G1
O avião com o
italiano Cesare
Battisti chegou ao aeroporto de Ciampino, em Roma, nesta
segunda-feira (14) às 8h40 pelo horário de Brasília. Ele desceu do avião
escoltado por policiais e sem algemas. Battisti foi entregue pela polícia
boliviana às autoridades da Itália na cidade de
Santa Cruz de La Sierra, onde foi preso no último sábado (12).
Um forte esquema de
segurança foi montado no aeroporto de Roma para receber Battisti. Ele será
levado para um
presídio na periferia de Roma. No trajeto, patrulhas fecharão os
acessos para que o comboio chegue rapidamente ao local, segundo o jornal
“Corriere della Sera”. O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, foi ao
aeroporto para receber Battisti, a quem ele chama de “assassino comunista”.
O italiano de 64 anos, que
integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, foi condenado à prisão
perpétua em 1993 por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970 contra um
guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um
joalheiro de Milão (o filho do joalheiro ficou paraplégico, depois de também
ser atingido).
Ele afirma que nunca matou
ninguém e se diz vítima de perseguição política.
Foram 37 anos de fuga permanente, com
períodos de prisão e lutas político-judiciais para evitar a Justiça da Itália.
Battisti escapou do seu país na década de 1980, viveu na França, no Brasil e,
mais recentemente, havia se escondido na Bolívia.
O italiano chegou a conseguir refúgio
no Brasil em 2009. Mas o status, concedido a ele pelo então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por Michel Temer,
que autorizou sua extradição. A Polícia Federal fez mais de 30 operações para
localizá-lo, mas não teve sucesso.
Plano inicial
Como
a entrada de Battisti na Bolívia foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela
Itália e acatada pelo governo boliviano.
O plano inicial incluía a volta de Battisti ao Brasil
em um avião da Polícia Federal, para depois ser extraditado para a Itália. O
governo brasileiro chegou a enviar um avião para Santa Cruz de La Sierra para
trazer Battisti, mas a negociação entre os governos da Itália e da Bolívia
permitiu a expulsão rápida de Battisti.
Havia
um temor da Itália de que uma parada no Brasil pudesse levar a possibilidade de
um habeas corpus preventivo, segundo o comentarista da Globo Gerson Camarotti,
que conversou com autoridades italianas.
Possíveis
benefícios
Battisti
ficará seis meses em regime de isolamento diurno em uma ala destinada a
terroristas, de acordo com o jornal "La Repubblica".
Como
os crimes foram cometidos antes de 1991, quando houve uma mudança na legislação
italiana, ele terá alguns benefícios, como sair da cadeia por curtos períodos
se apresentar bom comportamento depois de ter cumprido 10 anos de pena, de
acordo com a correspondente da TV Globo na Itália, Ilze Scamparini. Após ter
cumprido 26 anos no cárcere, ele poderá obter liberdade condicional.
Como
ele foi julgado à revelia (sem a presença do réu), a defesa também pode tentar
um novo julgamento.
Entenda o caso
Tanto os governos de
esquerda quanto os de direita queriam que Battisti voltasse à Itália para
cumprir a sua pena, e o assunto está ocupando grande parte dos jornais
italianos.
Battisti chegou ao Brasil
em 2004. Ele foi preso no Rio
de Janeiro em março de 2007 por uma ação conjunta entre a
Polícia Federal brasileira e agentes italianos e franceses. Dois anos depois, o
então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu
refúgio.
Em 2007, a Itália pediu a
extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o
pedido procedente, mas deixou a palavra final ao presidente da
República. Na época, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva negou a extradição.
Em setembro de 2017, o
governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que o Brasil
revisasse a decisão sobre Battisti.
No fim do ano passado, a
Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF
que desse prioridade ao julgamento que poderia resultar na
extradição.
Um mês depois do pedido da
PGR, o ministro Luiz Fux mandou
prender o italiano e abriu caminho para a extradição, no início
de dezembro.
Na decisão, o ministro
autorizou a prisão, mas disse que caberia ao presidente extraditar ou não o
italiano porque as decisões políticas não competem ao Judiciário. No dia
seguinte, o então presidente Michel Temer autorizou a
extradição de Battisti.
Desde então, a PF
deflagrou uma série de operações para prender o italiano. No final de dezembro,
a PF já havia feito mais de 30 ações.
Battisti nega envolvimento
com os homicídios e se diz vítima de perseguição política. Em entrevista em
2014 ao programa Diálogos, de Mario Sergio Conti, na GloboNews, ele afirmou que
nunca matou ninguém.
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