São cumpridos mandados de busca e apreensão na 2ª fase
da Operação Decantação
A Polícia Federal prendeu
nesta quinta-feira (28) cinco pessoas e cumpriu oito mandados de busca e
apreensão na Operação Decantação 2, que investiga fraude em licitações e desvio
de dinheiro na Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). O ex-governador José
Eliton (PSDB) é alvo de mandados de busca.
Em nota, a assessoria de
José Eliton informou que ele está em Posse, no interior de Goiás, numa
audiência como advogado, mas retorna hoje nesta tarde para Goiânia. Conforme o
texto, o ex-governador "confirma que a PF cumpriu mandado de busca e
apreensão em seu apartamento na capital, em que foi apreendido um computador,
usado por seu filho mais novo". Ele informou ainda que dará uma declaração
assim que tiver acesso ao inquérito da continuação da Operação Decantação.
O G1 também pediu um
posicionamento à Saneago sobre a investigação e aguarda retorno.
De acordo com a Polícia
Federal, empresários, dirigentes da empresa e agentes públicos são investigados
pelos desvios. As buscas são feitas, conforme a polícia, em endereços de
investigados e pessoas ligadas ao ex-governador, em Goiânia e Aparecida de
Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
Durante as buscas, os
policiais acharam uma mala de dinheiro e armas na casa de uma das mulheres
presas. Segundo a PF, há R$ 800 mil.
Os mandados judiciais
também envolvem sequestro de 65 imóveis, avaliados em R$ 35 milhões.
Desvio de dinheiro
A polícia informou que os
desvios investigados na operação realizada nesta manhã ocorreram na gestão de
José Eliton, que ficou no lugar de Marconi Perillo (PSDB) quando ele renunciou
para concorrer à eleição de 2017.
De acordo com a PF, foi
constatado que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos
com a Saneago, mesmo com "impedimentos fiscais e não sendo especialistas
na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de
licitação".
Segundo as investigações,
parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada
para o chefe de gabinete do então governador do estado. Também há indícios de
que as empresas eram utilizadas para lavagem de dinheiro, pois conforme a PF,
ficou comprovada transferência de valores na ordem de R$ 28 milhões entre o
chefe de gabinete do ex-governador e a conta de uma das empresas.
A investigação apontou ainda
que José Eliton usou, por várias vezes, um avião de propriedade de uma das
empresas beneficiadas pelos contratos.
De acordo com a PF, os
envolvidos devem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de
associação criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, fraudes em
processos licitatórios e lavagem de dinheiro.
Operação Decantação
A 1ª fase da Operação
Decantação foi realizada em 24 de agosto de 2016. Na época, foram cumpridos 120
mandados judiciais em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Formosa e Itumbiara, em
Goiás, além de São Paulo e Florianópolis (SC). Entre os presos estavam
políticos e funcionários do alto escalão da Saneago.
Em setembro de 2016, o
Ministério Público Federal denunciou 35 pessoas envolvidas nos desvios de verba
da companhia. As investigações apuraram que o prejuízo aos cofres públicos foi
de R$ 5,2 milhões, referente ao sobrepreço em contrato de duas obras da
Saneago.
Empresários, donos de
construtoras e servidores da Saneago foram denunciados por crimes como
peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, lavagem de
dinheiro e fraudes em processos licitatórios.
De acordo com a denúncia
do MPF, a Saneago contratou uma empresa de assessoria, que fazia licitações de
forma a direcionar o resultado da seleção para que as vencedoras fossem as
empresas participantes da fraude. Em troca, as companhias repassavam dinheiro
em forma de propina, pagamento de dívidas de campanhas, repasse para OS e até
coquetéis feitos dentro do palácio do governo em nome do órgão.
Interceptações telefônicas
feitas com autorização da Justiça durante a Operação Decantação, obtidas pela
TV Anhanguera, mostram que dívidas de campanhas eleitorais também tinham sido
pagas com verba da Saneago.
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