Ministro mencionou a medida da ditadura ao acusar o ex-presidente de
incitar o povo a "quebrar a rua"
O ministro da
Economia, Paulo Guedes,
condenou nesta segunda-feira discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que falou em polarizar
o país ao deixar a prisão. Guedes classificou Lula como
“irresponsável” e vê o petista chamando “todo mundo para quebrar a rua”. Em
coletiva de imprensa realizada em Washington, o ministro disse a jornalistas
que “não se assustem se alguém pedir o AI-5”
diante desse cenário.
“É irresponsável chamar alguém
pra rua agora pra fazer quebradeira. Quando o outro lado ganha, com dez
meses você já chama todo o mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é
essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez?
Ou foi diferente?”, disse Guedes.
O ministro não é o
primeiro membro do governo a mencionar o AI-5 – ato inconstitucional que fechou
o Congresso e cassou liberdades durante a ditadura – como uma resposta possível
a uma eventual radicalização da esquerda. Há pouco menos de um mês, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro deu declaração
semelhante. Na ocasião, o presidente Jair
Bolsonaro lamentou a afirmação do filho.
PolíticaBolsonaro
lamenta afirmação do filho: ‘Quem fala sobre AI-5 está sonhando’query_builder31
out 2019 - 16h10Mais cedo, Guedes sugeriu que demitiria os grevistas da Petrobras se
a estatal fosse uma empresa privada comandada por ele. “Você tem excelentes
salários (na Petrobras), bons benefícios, você tem quase estabilidade de
emprego e tenta usar o poder político para tentar extrair aumento de salário no
momento em que há desemprego em massa? Se fosse uma empresa privada e eu fosse
o presidente de uma empresa privada, eu sei o que eu faria”, afirmou o
ministro. “Cheio de gente procurando emprego e tem gente que fica fazendo
greve?”, criticou o ministro, em entrevista coletiva em Washington.
A Federação Única dos
Petroleiros (FUP), representante de uma parcela dos empregados da Petrobras,
entre eles os trabalhadores das plataformas instaladas na Bacia de Campos,
manteve a decisão de realizar uma greve de cinco dias a partir desta segunda-feira.
A reivindicação é pela valorização da segurança e emprego dos trabalhadores,
que, segundo a entidade, está em risco por conta das demissões dos últimos
anos.
Segundo o sindicato,
algumas unidades da refinaria Rlam, instalada na Bahia, podem parar entre a
noite desta segunda e terça-feira por falta de revezamento de turnos.
O ministro disse que o
governo não estuda a privatização da Petrobras e nem articula demissões dos
grevistas, mas que o posicionamento sobre a situação atual dos petroleiros é a
sua “reação natural”.
“O que eu sei é que a
Petrobras foi destruída e eles (petroleiros) estavam trabalhando lá, deveriam
ter evitado a destruição da Petrobras. Tomara que eles estivessem bem alertas
nesse tempo todo para merecer o aumento (salarial)”, disse o ministro.
Após intervenção de um
repórter que afirmou que os grevistas não são os integrantes da direção da
empresa – que tomaram medidas decisórias na época do escândalo de corrupção que
atingiu a Petrobras, o ministro seguiu: “Por que não houve uma greve na época
para parar o assalto na Petrobras?. Petroleiros deveriam estar celebrando a
recuperação financeira da empresa. Quando ela estava quebrada ninguém pediu
para abaixar o salário, né?”.
Guedes participou hoje em
Washington do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA. A reunião de 20 executivos
de empresas que atuam nos dois países foi retomada depois do encontro do
presidente Jair Bolsonaro com Donald Trump, em março, e tem como objetivo
identificar pontos em que os dois países podem facilitar comércio e
investimentos.
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