Com 15 cidades em emergência e rios secos, AM registra morte de peixes, botos e outros animais

Cidades afetadas também enfrentam desabastecimento de alimentos e problemas de acesso a água potável.

Foto: Reprodução

Subiu para 15 o número de cidades em emergência por causa da seca no Amazonas. Com a estiagem deste ano, o estado registra morte de peixes, botos e outros animais. O número de pessoas afetadas passa de 100 mil, nesta terça-feira (26), e pode chegar a 500 mil até o fim do ano.

Algumas cidades afetadas também enfrentam desabastecimento de alimentos e problemas de acesso a água potável.

A reportagem lista abaixo casos de mortandade de animais registrados entre agosto e esta semana. Os casos têm acontecido em lagos e igarapés de cidades mais próximas a Manaus:

Iranduba

Ainda em agosto, um igarapé de Iranduba, a 27 quilômetros da capital, registrou a morte de centenas de peixes.

Segundo moradores do local, um ramal construído sobre o igarapé piorou a situação, já que passou a dificultar o acesso dos peixes ao rio. Sem oxigênio suficiente no igarapé e com o calor intenso, dezenas de peixes morreram.

Vídeos feitos por um morador mostram os animais tentando respirar na superfície. No dia seguinte, ele voltou ao local e fez imagens dos peixes mortos.

Autazes

No dia 11 deste mês, moradores de Autazes encontraram dezenas de peixes mortos em um lago da região. Um vídeo mostra a situação na cidade.

Tefé

Em Tefé, na semana passada, houve o registro da morte de um peixe-boi. Depois disso, botos começaram a aparecer encalhados nos bancos de areia formados durante a seca. Até o momento, pesquisadores da região contabilizaram mais de 20 botos mortos ao longo do Lago de Tefé.

Manacapuru

Nesta semana, Manacapuru passou a registrar mortes de peixes. Imagens feitas entre segunda-feira (25) e esta terça-feira (26) mostram várias espécies mortas no Lago do Piranha.

A situação prejudica os moradores da comunidade, que usam um sistema para canalizar a água do lago. Com os animais em decomposição, a água fica imprópria para consumo.

Causas

Há uma semana, o mestre em engenharia de pesca César Augusto Lima Ferreira explicou ao g1 a causa das mortes. Segundo ele, o intenso calor do chamado "verão amazônico" no Amazonas é o responsável pelos casos.

O especialista explicou que a diminuição da coluna d'água - quantidade de água que um determinado local pode "suportar" - altera a química da água, contribuindo para a morte dos animais.

"Isso tem a ver, atualmente, com o período da incidência solar. Nessa época do ano é muito grande na nossa região. É muito grande, é muito intenso e isso, teoricamente, altera os componentes químicos da água", disse, na ocasião.

Rios secos

seca também acelerou o processo de estiagem na maior parte do estado. Em alguns locais, o fenômeno tem causado o esvaziamento de cursos d'água.

Em Novo Airão, o Rio Negro está 6 metros abaixo da cota registrada no ano passado, neste mesmo período.

Em Benjamin Constant, a seca já prejudica a navegação e o abastecimento. A população da cidade também tem dificuldade de acesso a água potável.

A situação é pior nas cidades situadas nas calhas do Alto Solimões e Baixo Amazonas.

Cidades afetadas

seca dos rios tem prejudicado a maior parte do Amazonas. Das 62 cidades que compõem o estado, apenas duas estão fora da lista dos locais afetados: Apuí e Presidente Figueiredo.

De acordo com a Defesa Civil do Estado, nesta terça-feira (26), 15 cidades estão em emergência, 05 estão em atenção e 40 estão em alerta. Ao todo, o órgão estima 111.058 pessoas afetadas pela seca.

Com base nas estiagens de 2005 e 2010, a Defesa Civil estadual estima que, até dezembro, 500 mil pessoas sejam afetadas no Amazonas. A lista inclui pessoas desalojadas, desabrigadas, doentes e até mortas pela estiagem.

 
Fonte: G1 Amazonas

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