Laudos periciais do INSS sob suspeitas



Agência do INSS envolta em escândalo

Usuários do sistema ficam esperando atendimento por várias horas
A tolerância e a paciência chegaram ao fim, tamanho é o descaso que sofrem os usuários do serviço de perícia médica realizada pelo INSS em Santarém.
O caso dessa vez é de um agricultor da comunidade de Patuá, região do Lago Grande, que segundo laudo médico emitido pelo renomado Neuro- Cirurgião Erick Jennings, possui um tumor inoperável no cérebro. O laudo atesta as seguintes informações: “O paciente Júlio Lopes Silva é portador de um tumor cerebral (glioma de baixo grau) em lobo temporal direito não operável, tendo feito radioterapia e necessita de controle ambulatorial. O mesmo tem seqüelas cognitivas globais que o incapacitam total e permanentemente do trabalho”.
O segurado procurou seus direitos como agricultor junto ao órgão, que seria o auxilio doença para tratar de seu problema, pois ele não tem condições de voltar ao trabalho, mas em agosto de 2011, após uma nova perícia do INSS, seu pedido foi indeferido, ou seja, ele estaria apto ao trabalho, segundo o perito com especialidade de oftalmologista.
Agência do INSS em Santarém
“A perícia médica do INSS, segundo denúncia, é visual. E isso quer dizer que o segurado levanta o braço, depois a perna e em seguida o médico diz se ele está apto ou não ao trabalho, alguns, como no presente caso, sequer olham o laudo trazido pelo segurado. Simplesmente ignoram, numa frieza que revolta e indigna, porque se trata de um ser humano doente necessitado do auxílio financeiro para dar continuidade ao seu tratamento e se alimentar enquanto não pode retornar ao trabalho pesado no campo”, relatou a advogada Gracilene Amorim.
A perícia visual jamais identificará se o doente tem um tumor, um câncer, nem o grau da sua evolução, existindo orientação clara do órgão sobre a análise dos documentos e exames levados pelo paciente ao perito. E se esses documentos são ignorados por um não-especialista, o resultado é desastroso para o segurado.
Diante de tamanho descaso ficam os questionamentos: Como alguém com um tumor cerebral pode trabalhar em uma lavoura de sol a sol? O INSS realmente está fazendo um bom papel com seu quadro de peritos? E a sociedade não vê esse descaso com a população?
Esse é um direito que lhe assiste, mas na pratica a previdência social está negando a quem realmente necessita de seus serviços. Os peritos malmente olham para os pacientes, uma consulta rápida sem ao menos ler direito os laudos que são levados devido ao tempo que é curto para cada atendimento. Pessoas que passam o dia todo esperando por médicos que chegam quando bem querem, por ter seus próprios consultórios. Esse é o serviço publico do nosso Brasil.
Hoje o INSS local trabalha com 4 peritos médicos de diferentes áreas para uma demanda imensa de segurados. Alguns esperam tanto que morrem antes ou pouco tempo depois de serem atendidos. O próprio Conselho Regional de Medicina deve interferir sobre questões como estas, afinal de contas, temos de um lado um médico especialista na área de neurocirurgia e de outro um perito com formação não específica no ramo, justamente porque a questão se reveste de comportamento ético-profissional.

Por: Fernanda Rabelo (Free lance)

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