Atenção: 18 engenheiros (de minas, civis, mecânicos, eletricistas, de meio ambiente e de segurança do trabalho), 33 encarregados (de terraplenagem, de obras de arte e de escritório), 18 chefes de seção (de equipe técnica, de topografia e de laboratório) e 984 outros profissionais (topógrafos, laboratoristas, operadores, motoristas e auxiliares administrativos) serão contratados a partir de, provavelmente, fevereiro de 2018 (ou antes) aqui no Pará. Esse número de trabalhadores é só para começar.
São 1.053 vagas de trabalho (apenas as quantificadas) que serão
preenchidas para a construção da Ferrovia Paraense, cujas obras vão demandar,
ao todo, um batalhão de 5.979 homens durante um década para concluir 1.319
quilômetros de linha férrea que vão cortar 23 municípios do estado para a
implementação do maior e mais ousado projeto logístico da Amazônia neste
século.
As informações foram levantadas com exclusividade pela Associação
Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), que se deu ao trabalho de ler as
mais de 3.000 páginas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da obra que vai
mudar a cara do Pará e sua apresentação no Brasil e no mundo.
Encomendado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico,
Mineração e Energia (Sedeme), o EIA é um documento muito bem produzido e
elaborado pela consultoria Terra, com equipe genuinamente paraense e que,
tecnicamente, coloca no chinelo estudos similares de empresas multinacionais
instaladas no Pará, que sugam as riquezas daqui, mas não valorizam — não como
deveriam ― a mão de obra local.
Dividida em duas fases, a primeira etapa da ferrovia é prevista para
começar ainda este ano. Contudo, o Governo do Estado precisa realizar as
audiências públicas necessárias ao fechamento da Licença Prévia para, então,
conseguir a Licença de Instalação, o que deve ocorrer no início do ano que vem.
Em todas as etapas, o município de Marabá, principal centro comercial do
interior paraense, é pilar para a Ferrovia Paraense, já que em seus domínios
será erguido um canteiro de obras (o Ramal Plataforma Marabá) que recrutará
diretamente 1.700 trabalhadores.
A primeira fase do projeto, que teve seu investimento desdobrado em
dois, começa em Marabá (núcleo Morada Nova*) e vai até Barcarena (vila do
Conde). O percurso da linha tronco possui 585 quilômetros, ainda assim conta
com ramais em Rondon do Pará e Paragominas, entre outros, visando ao
atendimento de importantes projetos mineradores instalados nesses municípios.
As obras da primeira fase devem ser concluídas em 2024.
Já a segunda fase parte de Marabá até Santana do Araguaia, com linha
tronco de 560 quilômetros. Se tudo sair conforme sugere o cronograma da obra,
em 2027 o projeto será concluído. Assim, então, na operação que já começa desde
a primeira fase haverá outras oportunidades para 56 engenheiros (civis,
mecânicos, eletricistas, de meio ambiente, ferroviários e de segurança do
trabalho), 150 guarda-freios e manobristas, 220 maquinistas, seis motoristas,
176 técnicos (em operações ferroviárias, em vias permanentes, em mecânica, em
eletroeletrônica, administrativos), totalizando 608 profissionais, 349 dos
quais serão contratados tão logo o primeiro trecho da ferrovia seja liberado
para circulação.
Cabe ressaltar que, após a implantação, de acordo com o estudo, serão
criados no total 2.247 empregos diretos, 2.180 postos indiretos e 9.207
oportunidades pelo efeito renda — como o de vendedor de loja, que é contratado
porque o estabelecimento inaugurou, e inaugurou porque aumentou o consumo de
roupas em determinado lugar haja vista ter crescido a renda local. O município
de Marabá, por ser o entroncamento entre as fases 1 e 2 da implantação, deve
ficar com metade dos postos totais de emprego.
Marabá nos Trilhos
Linha de trem não é novidade para Marabá, que se vê cortado pelo traçado
da Estrada de Ferro Carajás (EFC), mas com o qual a Ferrovia Paraense nada tem
a ver. Dos 1.319 quilômetros da ferrovia que está no nascedouro, pelo menos 82
quilômetros vão cortar Marabá, que é o mais populoso e mais rico dos municípios
por onde a linha do trem vai passar. Com 272,5 mil habitantes em 2017, Marabá é
o 5º principal produtor de minérios do país e considerado a “Capital Nacional
do Cobre”, com operações minerais totais que, de janeiro a julho deste ano,
ultrapassam R$ 2,51 bilhões. O município é o 30º maior exportador de
commodities do Brasil e o mais cotado para ser capital em cenário de eventual
desmembramento da região conhecida como Carajás, que abrange parte dos
municípios da mesorregião do sudeste do estado.
Com economia dinâmica e que consegue ser independente da mineração,
mesmo em meio à crise nacional e aos desinvestimentos do setor privado, Marabá
está na mira de grandes investidores. É o principal polo universitário e o
maior entroncamento rodoviário do interior paraense. E se assiste no meio do
fogo cruzado de projetos que, num pacote aberto, movimentariam 30 bilhões de
dólares, como o derrocamento de pedras no Rio Tocantins para atender ao capital
produtivo nacional, uma siderúrgica com capital estrangeiro, uma hidrelétrica
do governo federal e a ferrovia do governo estadual.
Na próxima quinta-feira (17), Marabá será o centro das atenções no que
diz respeito ao futuro econômico do Pará, que, pela conjuntura econômica
visualizada pelo Governo do Estado, passa fatalmente pela configuração da
ferrovia. Estado com a melhor situação fiscal entre as 27 Unidades da
Federação, o Pará quer dar mais um passo para se posicionar entre os gigantes
da economia nacional no raiar da próxima década.
Na quinta, vai ocorrer audiência pública para discutir a implantação do
projeto, que, quando finalizado, deverá fazer marchar rumo ao Pará todos os
grandes investimentos nacionais que mirem minérios, gado e grãos. As audiências
públicas, ou reuniões técnicas, começaram em Brasília (DF) no último dia 7.
Amanhã, terça-feira (15), vai ocorrer no município paraense de Santana do Araguaia;
na quarta (16), em Redenção; e deve rodar outros três municípios (Paragominas,
Barcarena e Belém), além de Marabá. É um momento importante para que sejam
aprimorados os detalhes técnicos para a licitação da obra.
Solução Logística
De acordo com o Governo do Estado, o transporte ferroviário é solução
logística eficiente ao escoamento de produtos provenientes das regiões sul,
sudeste, nordeste e norte do Pará e possibilita maior competitividade,
segurança e flexibilidade no transporte de produtos siderúrgicos, agrícolas e
minerais. Além disso, pode contribuir na diminuição do tráfego nas estradas
estaduais, proporcionando aumento da segurança para o usuário comum e redução
no custo de manutenção de vias danificadas pelo tráfego de carretas.
O governo acredita que, durante a operação da ferrovia, a dinamização da
economia expandirá oportunidades de investimentos, por meio de inovações e
ampliação de mercados. Ao se concretizar os demais investimentos em
infraestrutura na região, o ciclo de crescimento poderá ser potencializado,
repercutindo por toda a economia. Entretanto, haverá necessidade de melhoria da
gestão e do desempenho das empresas da região que terão seus produtos e
serviços consumidos pelo empreendimento. O resultado desse processo pode levar
à geração de oportunidades e novos negócios aumentando a intensidade dessas
mudanças positivas. Com informações da Associação Paraense de Engenheiros de
Mina – Assopem.
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